José Carlos Bumlai é preso na Lava Jato
24 de novembro de 2015A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã desta terça-feira (24/11), num hotel em Brasília, o pecuarista José Carlos Bumlai. A prisão preventiva faz parte da 21ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Passe Livre.
Empresário do setor sucroalcooleiro, Bumlai é amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e teve acesso ao gabinete do petista durante os oito anos de governo. Os dois foram apresentados pelo ex-governador do Mato Grosso do Sul Zeca do PT, em 2002.
A prisão de Bumlai se deve pela suspeita de envolvimento com operações irregulares na contratação do navio-sonda Vitória 10000, pela Petrobras. A Lava Jato diz ter "indícios concretos de fraude" na contratação do grupo Schahin para operar a sonda.
O empresário Salim Schahin, um dos acionistas do grupo, confessou as irregularidades em depoimento à PF – ele fechou acordo de delação premiada na semana passada. Segundo o delator, a empresa ganhou o contrato em troca de um empréstimo de 12 milhões de reais concedido a Bumlai pelo banco Schahin.
O pecuarista, por sua vez, nega qualquer relação com as licitações firmadas pela Petrobras, e chegou a dizer que o empréstimo citado por Salim foi quitado com uma entrega de embriões bovinos – diferente do que o empresário afirmou em depoimento.
Outras suspeitas
Além das irregularidades envolvendo o grupo Schahin, Bumlai foi citado em depoimento de outro delator da Lava Jato. O lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, disse que o pecuarista teria acertado o pagamento de 5 milhões de dólares em propina para o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e outros dois ex-gerentes da estatal.
Baiano afirmou ainda ter transferido 2 milhões de reais a uma nora de Lula, sem especificar nomes. Segundo o lobista, quem ordenou o pagamento foi o próprio Bumlai. Tanto o ex-presidente quanto o pecuarista negaram as acusações.
Nova fase da Lava Jato
Além do mandado de prisão preventiva contra Bumlai, a nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta terça-feira, cumpre ainda 25 mandados de busca e apreensão e seis mandados de condução coercitiva, em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Campo Grande.
Participam da operação 140 policiais federais e 23 auditores fiscais. São investigados, nessa fase, crimes de fraudes a licitação, falsidade ideológica, falsificação de documentos, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
Segundo as investigações, "complexas medidas de engenharia financeira" foram usadas pelos suspeitos "com o objetivo de ocultar a real destinação dos valores indevidos", pagos a agentes públicos e diretores da Petrobras.
Bumlai estava em Brasília porque prestaria depoimento na CPI do BNDES, na Câmara dos Deputados, às 14h30 desta terça-feira. A comissão investiga o pecuarista por suspeitas de tráfico de influência e favorecimento em contratos firmados pelo banco estatal. Ele está sendo transferido para a Superintendência da PF, em Curitiba.
EK/abr/ots