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Juiz marca nova audiência sobre dívida argentina em Nova York

31 de julho de 2014

País terá nova chance de se sentar com fundos credores, dois dias depois de não chegar a acordo e entrar em calote técnico. Possível saída seria compra de títulos por banco não envolvido no impasse.

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Foto: picture alliance/Klaus Ohlenschläger

O juiz americano Thomas Griesa, árbitro da disputa entre a Argentina e os fundos de investimento, convocou para esta sexta-feira (01/08) uma nova reunião sobre o impasse. O encontro será a primeira chance de Buenos Aires sair da situação de calote técnico, na qual entrou na quarta-feira.

A Argentina precisa chegar a um acordo com os cerca de 10% de investidores que não aderiram aos planos de reestruturação da dívida contraída antes do calote de 2001. Sem um entendimento, o país não pode continuar pagando as parcelas dos credores que aceitaram renegociar os débitos.

Segundo o jornal Wall Street Journal, na mesa nesta sexta-feira estará a proposta do banco JP Morgan de comprar 100% dos títulos dos fundos litigantes. A instituição não cobraria a Argentina na Justiça, o que permitiria que o país pagasse a parcela das dúvidas reestruturadas e saísse do calote.

O ministro da Economia da Argentina, Axel Kicillof, nega que a Argentina tenha dado mais um calote. O dinheiro dos credores, argumenta, foi depositado, mas está bloqueado pela Justiça americana. Na quarta-feira, após o encontro em Nova York, ele não descartou que uma solução seja alcançada por "terceiros". A reunião desta sexta-feira começa às 12h (horário de Brasília).

Nesta quinta-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu novas discussões sobre o caso argentino e suas implicações, um problema, segundo ele, importante para "todos os países-membros".

Ele pediu ainda que tanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) quanto a Organização dos Estados Americanos (OEA), a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e o Mercosul se pronunciem a respeito. A Standard & Poor's declarou, na quarta-feira, parte da dívida da Argentina em calote seletivo.

Entenda o caso

A Argentina negociou em Nova York com os fundos de investimento – chamados de "abutres" pelo governo em Buenos Aires – que não aceitaram as propostas de reestruturação da dívida feitas pelo governo argentino entre 2005 e 2010 e ainda detêm títulos da dívida antiga, anterior ao calote de 2001.

Esses fundos recorreram à Justiça de Nova York para receber o valor integral dos papéis, algo em torno de 1,3 bilhão de dólares. O governo argentino argumenta que não pode pagá-los porque títulos da dívida reestruturada contêm a chamada cláusula Rufo, que, até o fim deste ano, impede acertar com credores um acordo melhor do que o obtido pelos que concordaram com a reestruturação.

O problema não estava em quitar a dívida de 1,3 bilhão de dólares, mas sim no que poderia acontecer caso Buenos Aires o fizesse. Outros credores antigos que concordaram em abrir mão de boa parte do dinheiro a que teriam direito poderiam, agora, reivindicar que também querem receber a dívida na íntegra. Isso colocaria a economia argentina na berlinda: são no total 120 bilhões de dólares em obrigações, o que quebraria novamente os cofres do país.

RPR/ rtr/ afp