Julgamento de Demjanjuk
13 de maio de 2009Thomas Blatt é um dos poucos sobreviventes do campo de extermínio nazista de Sobibor, situado na atual Polônia, ocupada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Aos 82 anos de idade, Blatt, que hoje vive nos EUA, é testemunha-chave no julgamento de John Demjanjuk, acusado de cumplicidade na morte de pelo menos 29 mil judeus como vigia em Sobibor.
Deutsche Welle: Por que o senhor decidiu ir à Alemanha para o julgamento?
Thomas Blatt: Porque, quando escapei de Sobibor, prometi a mim mesmo que, se sobrevivesse, faria tudo para contar a história do campo. É o que estou fazendo. E sei que Demjanjuk sabe muita coisa, pois ele estava diretamente envolvido no Holocausto. Ele nega ter estado ali, diz que nunca foi vigia em Sobibor, mas foi sim. Não me importa se ele está ou não na cadeia, mas me importa que diga a verdade. E a verdade é que ele era guarda em Sobibor.
Sobibor não era um mero campo de concentração. Sobibor era um campo de extermínio. Lá, os guardas eram simplesmente assassinos. Num campo de concentração, um guarda era um guarda...responsável por evitar que as pessoas fugissem. Mas em Sobibor eles eram simplesmente assassinos.
O senhor disse que alguns dos guardas de Sobibor eram sádicos.
Eu disse que eram sádicos e que alguns fugiram de Sobibor. Mas Demjanjuk não fugiu. Ele esteve lá durante todo o tempo com os nazistas.
Os guardas eram muito sádicos. E tínhamos mais medo dos guardas que dos alemães.
Tenho certeza de que ele era um guarda. É minha obrigação dizê-lo. E ele deveria dizer para que Sobibor servia.
Qual será sua reação se não houver evidências suficientes para condenar Demjanjuk?
Acredito que ele vá dizer a verdade, [contar] como eram as coisas em Sobibor. E isso entrará para a história. Será algo para as próximas gerações aprenderem. Porque poucos viram o que ele viu. Realmente acredito que ele dirá a verdade. Mais tarde, ele poderá ser libertado. Para mim, seu testemunho é muito importante. É por isso que estou em Munique acompanhando sua história.
De certa forma, sinto pena de Demjanjuk. É um homem idoso, de 89 anos de idade. Está doente e tem família. Então lamento por ele. E acredito que muitas pessoas pensem da mesma forma: que ele é um homem velho, que sofreu muito. Mas também vejo o outro lado de Demjanjuk. Eu o vejo como um terrível sádico, um assassino. Ele não fugiu de seu trabalho.
Autor: Michael Lawton
Revisão: Soraia Vilela