Desastre aéreo
3 de fevereiro de 2010Em 25 de julho de 2000, turistas de uma empresa de navegação alemã pegaram um avião no aeroporto de Roissy-Charles de Gaulle, em Paris, rumo a Nova York. Os 100 passageiros queriam passar pela cidade americana antes de um cruzeiro pelo Caribe. Mas a viagem de avião acabou dois minutos depois, em tragédia.
“O Concorde taxiou na pista, já em chamas. Ele levantou voo, planou um pouco e despencou do céu”, contou uma testemunha na época do acidente. O avião, carregado com 100 toneladas de querosene, caiu sobre um hotel, causando a morte de 113 pessoas.
Dez anos depois, o Tribunal de Pontoise, nos arredores de Paris, começa julgar nesta terça-feira (02/02) a responsabilidade pelo acidente, num processo que deverá durar quatro meses.
A companhia Air France e outras empresas envolvidas no caso pagaram cerca de 115 milhões de euros de indenização aos familiares das vítimas. Atualmente, especula-se que a empresa francesa tenha estipulado condições para o ressarcimento. Suspeita-se que, como condição principal, nenhum dos indenizados poderia constituir parte civil nesse processo. A suposição, no entanto, é terminantemente refutada pelos juristas da Air France.
O processo vai apurar todos os detalhes técnicos que levaram à catástrofe. As investigações provaram que a explosão dos reservatórios de combustível do Concorde da Air France foi provocada pela danificação de um dos pneus do trem de pouso. O pneu foi perfurado por uma peça de metal derrubada na pista por um avião da Continental Airlines, que havia decolado pouco antes do aeroporto Charles de Gaulle.
No banco dos réus estarão a Continental Airline e dois ex-funcionários da empresa. Segundo seu advogado de defesa, Olivier Metzner, a companhia aérea americana não pode ser responsabilizada pelo acidente. “É claro que é fácil culpar uma empresa estrangeira, e assim proteger a imagem da Concorde, essa joia francesa”.
Se forem condenados, os funcionários em questão podem pegar até cinco anos de prisão, e a empresa Continental deverá pagar uma multa. Metzner convocou 28 testemunhas e vai tentar comprovar que o Concorde já estava em chamas antes de tocar a peça de metal abandonada na pista.
Uma das testemunhas é Philippe Martin, que estava na torre de controle no dia do acidente. “De repente, ouvimos uma vibração anormal. Isso chamou a nossa atenção para a aeronave. Quando olhei, já dava para ver as chamas. O avião estava mais ou menos a um quilômetro do ponto de partida”. Isso teria sido 700 metros antes do local onde se encontrava a peça do avião da Continental.
Os advogados de acusação também convocaram dois engenheiros que participaram da elaboração do projeto Concorde.
Um engenheiro responsável pelo controle de tráfego aéreo também deve depor. Consta que ele teria advertido do risco de ruptura nos pneus e da vulnerabilidade nas asas do Concorde em ocasiões de vento forte.
Johannes Duchrow / Nádia Pontes
Revisão: Simone Lopes