"Jurassic Park": 30 anos do filme que mudou o cinema
10 de junho de 2023Há 30 anos, estreava o filme americano Jurassic Park - Parque dos Dinossauros, que se converteria em um clássico cult. O diretor Steven Spielberg não apenas deu vida a dinossauros extintos, mas também descreveu as consequências catastróficas de humanos "brincarem de Deus”.
Jurassic Park foi lançado nos cinemas dos Estados Unidos em 11 de junho de 1993 e fez história como o primeiro filme a combinar modelos animatrônicos e imagens geradas por computador com cenas live-action. Ao fazer isso, criou uma experiência imersiva para o público e estabeleceu novos padrões no trabalho cinematográfico com efeitos especiais.
Os dinossauros parecem quase tão reais quanto animais em um documentário sobre natureza. Com pele coriácea, veias pulsantes e tendões em movimento, eles respiravam, caminhavam e rugiam de forma tão realista que o público esquecia que eram gerados por computador ou construídos à mão.
Na época, o blockbuster acabou sendo o filme de maior bilheteria de todos os tempos, arrecadando mais de 914 milhões de dólares em todo o mundo, superando o recorde anterior, de E.T. O extraterrestre, de 1982, também dirigido por Steven Spielberg.
Quando o homem brinca de Deus
Jurassic Park fez os espectadores se perguntarem: "E se?". O enredo é baseado no romance de mesmo nome de 1990, escrito pelo autor Michael Crichton, que também é corroteirista do filme.
O cenário é a ilha fictícia de Nublar, na costa oeste da Costa Rica. Lá, o milionário industrial John Hammond (interpretado por Richard Attenborough) e uma equipe de geneticistas constroem um parque temático com dinossauros clonados por meio de engenharia genética.
Depois que um dinossauro velociraptor ataca fatalmente seu tutor, Hammond convida o paleontólogo Alan Grant (Sam Neill), a paleobotânica Ellie Sattler (Laura Dern) e o matemático Ian Malcolm (Jeff Goldblum) para ir ao parque, avaliar sua segurança e convencê-los de que é seguro para o público. Os netos de Hammond, os irmãos Tim e Lex (Joseph Mazzello e Ariana Richards, respectivamente), acompanham os pesquisadores na jornada.
A equipe de expedição, anteriormente familiarizada apenas com fósseis de dinossauros, fica impressionada com o que vê quando encontra os répteis gigantes vivos no parque. O teórico do caos Malcolm, no entanto, questiona a ruptura artificial da ordem natural existente.
"Os dinossauros vivem livremente no parque. E eles simplesmente consideram o homem como uma espécie de coabitante para coexistir pacificamente ou perseguir como presa", disse Steven Spielberg à Empire Magazine em agosto de 1993.
Mestre do suspense e das emoções
Steven Spielberg há muito fazia história no cinema, desde que dirigiu seu primeiro blockbuster em Hollywood, Tubarão, em 1975. Impossível se esquecer da abordagem furtiva do grande tubarão branco acompanhada pela sinistra partitura do compositor John Williams.
A habilidade de Spielberg de manter o público na ponta da cadeira é evidente em sua vasta e variada filmografia. Jurassic Park não foi diferente, ostentando seus próprios momentos em que o coração salta pela boca.
Uma das cenas mais simples, porém impactantes, é quando os netos de Hammond, Tim e Lex, estão sentados à noite em um jipe parado esperando por resgate. As duas crianças notam a água ondular nos copos no painel do carro, o que é sincronizado perfeitamente com uma batida forte no fundo que cresce constantemente em volume e intensidade até que o T-Rex faça sua grande entrada - com um final terrível para alguns.
Outra cena surpreendente é a do dilophosaurus cuspindo. Em um minuto, é um dinossauro fofo e curioso; em seguida, vomita ácido violentamente em sua vítima, eriçando-se assustadoramente.
Tecnologia de cair o queixo
Embora Jurassic Park tenha desencadeado a dinomania em todo o mundo, não foi o primeiro filme com os enormes répteis, cujo reinado de 180 milhões de anos foi extinto quase da noite para o dia depois que um asteróide atingiu a Terra 66 milhões de anos atrás.
Filmes de dinossauros mais antigos usavam stop-motion, go-motion, próteses, animatrônicos e outros métodos tradicionais. No entanto, às vezes, os movimentos dos dinossauros na tela pareciam "bruscos" - lembrando os espectadores que eles não eram reais.
Jurassic Park não foi o primeiro filme a usar imagens geradas por computador (CGI, na sigla em inglês). Também foi usado com sucesso em Tron (1982) e O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (1991) e, até certo ponto, em Guerra nas Estrelas, de 1977.
No entanto, quando Spielberg deu vida à história de Michael Crichton, o CGI já estava mais avançado e a decisão visionária do diretor de aproveitá-lo e combiná-lo com outros métodos tradicionais levou a uma mudança inimaginável na produção de filmes. Hoje, tudo o que lemos nos livros ou simplesmente imaginamos pode ser potencialmente realizado na tela.
Diálogos inteligentes
Outra parte do fascínio por Jurassic Park se deve a seus diálogos inteligentes. O personagem Ian Malcolm, de Jeff Goldblum, teve talvez algumas das melhores falas do filme.
Uma cena mostra os visitantes esperando para ver o T-Rex em seu recinto pela primeira vez. Tentando entender essa perspectiva, Malcom reflete: "Deus cria os dinossauros, Deus destrói os dinossauros. Deus cria o homem, o homem destrói Deus. O homem cria os dinossauros". Ao que Ellie Sattler (Laura Dern) intervém: "os dinossauros comem o homem... A mulher herda a terra".
O filme também faz uma referência atrevida a uma atração de outro parque famoso - muito antes de ele próprio inspirar uma série de filmes de sucesso: em uma cena, John Hammond cita a Disneylândia como um exemplo de parque temático que encontrou problemas antes de abrir. Malcolm, então, pontua: "Sim, mas quando os piratas do Caribe quebram, eles não comem os turistas".
Cinco sequências se seguiram desde o primeiro filme, com uma receita bruta mundial de 6 bilhões de dólares, tornando Jurassic Park uma das franquias mais lucrativas de todos os tempos.
E, embora se possa pensar que os avanços tecnológicos melhorariam as sequências, os nostálgicos do cinema e os fãs de dinossauros são fiéis ao filme original.
Em 2018, a Biblioteca do Congresso selecionou o filme para preservação no Registro Nacional de Filmes dos Estados Unidos por ser "culturalmente, historicamente ou esteticamente significativo".
Trinta anos depois, Jurassic Park permanece em uma classe própria, fazendo os dinossauros voltarem à vida diante de nossos olhos.