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Justiça acata denúncia contra cartola por beijo em jogadora

11 de setembro de 2023

Audiência Nacional da Espanha aceita denúncia do Ministério Público contra Luis Rubiales, ex-presidente da Federação Espanhola de Futebol, por agressão sexual e coação da atleta Jenni Hermoso.

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Momento em que Luis Rubiales, ex-presidente da Federação Espanhola de Futebol, agarrou a jogadora Jenni Hermoso pela cabeça para beijá-la. Ela, de costas, mantém os braços abertos e dobrados em um ângulo de 90 graus, aparentando estar surpresa.
Momento em que Luis Rubiales, ex-presidente da Federação Espanhola de Futebol, agarrou a jogadora Jenni Hermoso pela cabeça. Ele alega que beijjo foi "espontâneo, mútuo, eufórico e consentido”Foto: Noe Llamas/Sport Press Photo/ZUMA Press/picture alliance

A Justiça espanhola acatou nesta segunda-feira (11/09) a denúncia do Ministério Público contra o ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) Luis Rubiales pelos crimes de agressão sexual e coação. Ele é acusado de beijar à força a jogadora Jennifer Hermoso após a equipe dela conquistar o título de campeã mundial na Copa Feminina.

O caso tramitará na Audiência Nacional, tribunal espanhol com sede em Madrid e de jurisdição nacional, que julga delitos mais graves e de maior relevância social, além de crimes cometidos no exterior por cidadãos espanhóis.

O juízo emitiu um auto nesta segunda-feira determinando a abertura de um processo preliminar e notificando Rubiales.

O ex-dirigente pode ser condenado a uma pena que varia do pagamento de uma multa até quatro anos de reclusão – uma nova lei sobre consentimento sexual aprovada no ano passado na Espanha extinguiu a distinção que havia entre "assédio sexual" e "agressão sexual", punindo quaisquer atos sexuais não consensuais.

O escândalo do beijo forçado

O caso aconteceu em 20 de agosto, após a Espanha vencer a Inglaterra na final do torneio, em Sydney, na Austrália. Durante a cerimônia de entrega das medalhas, Rubiales, que à época presidia a Federação e era também vice-presidente da União das Federações Europeias de Futebol (UEFA), segurou Hermoso pela cabeça com as duas mãos e tascou-lhe um beijo. Ele insiste que o ato foi consensual – a jogadora nega.

A cena, registrada em vídeos que tomaram as redes sociais, repercutiu mal para Rubiales. O ex-dirigente, contudo, diminuiu a relevância do episódio e, antes de ser suspenso da Federação uma semana depois por decisão da Fifa, defendeu sua permanência no cargo dizendo-se vítima de uma "caça às bruxas" perpetrada por "falsas feministas".

Hermoso acabou formalizando uma queixa contra o dirigente, confirmando ter sido beijada sem consentimento e, posteriormente, pressionada por ele a defendê-lo em público. Com isso, o MP espanhol pôde formalizar a denúncia perante a Justiça.

Primeiras diligências

Também nesta segunda, o juízo ordenou à RTVE, conglomerado espanhol de comunicação pública, que disponibilize os vídeos do momento "de todos os ângulos em que o acusado beija a requerente", bem como os minutos imediatamente anteriores e posteriores à celebração da vitória da seleção espanhola.

Também foram solicitados a outros veículos de comunicação o vídeo da comemoração no vestiário, que foi divulgado na internet, e no ônibus, bem como outras provas relacionadas aos fatos.

Jogadora teria sido beijada como filha

No cargo desde 2018, Rubiales acabou renunciando aos cargos que ocupava na Federação e na UEFA no domingo. Na carta em que formaliza a decisão, o cartola disse ser alvo de uma campanha "desproporcional". Ele era um dos escalados para liderar a candidatura conjunta de Espanha, Portugal e Marrocos para sediar o Mundial masculino em 2030. Em entrevista a um jornalista britânico, o ex-dirigente comparou o beijo em Hermoso ao que daria em uma de suas filhas.

No mês passado, a seleção nacional divulgou uma carta pública em que afirmava que não jogaria mais pelo país enquanto Rubiales permanecesse no cargo. Ao longo da semana passada, vieram à tona acusações de tratamento machista das jogadoras, e o técnico Jorge Vilda, aliado de Rubiales, foi demitido.

Atletas da Liga Espanhola de Futebol Feminino estão em greve por melhores salários: enquanto elas têm um piso de 16 mil euros mensais, seus colegas homens não entram em campo por menos que 180 mil euros.

ra (EFE, ots)