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Justiça condena cúpula da Camargo Corrêa por corrupção

20 de julho de 2015

Os três ex-executivos são os primeiros empreiteiros punidos na Lava Jato. O juiz Sergio Moro sentencia penas de prisão e multas também a ex-diretor da Petrobras, policial e doleiro. PF indicia executivos da Odebrecht.

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Foto: picture alliance/CITYPRESS 24

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef, um policial e três ex-executivos da construtora Camargo Corrêa foram condenados, nesta segunda-feira (20/07), a vários anos de prisão e multas por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e atuação em organização criminosa referentes a superfaturamento e pagamento de propina para a obtenção de contrato de obras de refinarias da Petrobras.

A sentença conferida pelo juiz Sergio Moro, responsável pelas ações penais da Operação Lava Jato, se referem às obras da Repar (Refinaria de Getúlio Vargas), no Paraná, e da Rnest (Refinaria Abreu e Lima), em Pernambuco. Esta é a primeira condenação relacionada com a operação que, em março do ano passado, tornou público o esquema ilegal dentro da Petrobras envolvendo executivos das principais empreiteiras do país, vários diretores da companhia estatal e dezenas de políticos.

Os seis condenados – além de Costa e Yousseff, o ex-policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o ex-presidente do conselho administrativo da Camargo Corrêa, João Auler, o ex-vice-presidente da empreiteira Eduardo Hermelino Leite e o ex-presidente da construtora Dalton Avancini – podem recorrer da decisão de Moro ao Tribunal Regional Federal (TRF). Se a sentença for mantida, eles podem recorrer depois Superior Tribunal de Justiça (STF).

Ehemaliger Geschäftsführer Petrobras - Paulo Roberto Costa
Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, recebe sua segunda sentença por crimes relacionados ao esquema de propinas na companhia estatalFoto: picture-alliance/AP/E. Peres

Os três executivos da construtora estavam afastados desde suas prisões em novembro de 2014 e foram demitidos recentemente. Avancini e Leite fizeram acordo de delação premiada com a Justiça, em troca de penas mais brandas. Ambos estão em prisão domiciliar. Os dois disseram que a Camargo Corrêa participava do grupo de empreiteiras que pagava propina para conseguir contratos com a Petrobras. Já Auler não aceitou colaborar com a Justiça, mas também foi demitido.

De acordo com a sentença, a Camargo Corrêa pagou 50 milhões de reais de propina à Diretoria de Abastecimento da Petrobras apenas nesses dois contratos. De acordo com a sentença de Moro, o valor equivale a 1% do valor das obras. Este é o montante definido pelo juiz como ressarcimento a ser feito à estatal pelos condenados, além de outras multas criminais e civis.

O ex-diretor da Petrobras e o doleiro também têm acordo de delação premiada. Eles terão suas penas somadas às demais que já sofreram na Operação Lava Jato.

PF indicia executivos da Odebrecht

Baukonzern Odebrecht Marcelo Odebrecht Vorstandsvorsitzender
Polícia Federal indiciou o presidente Marcelo Bahia Odebrecht e mais quatro executivos do grupo OdebrechtFoto: Reuters/E. Castro-Mendivil/Files

Também nesta segunda-feira, a Polícia Federal indiciou o presidente do grupo Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, por corrupção ativa, lavagem de dinheiro, fraude em licitações e crime contra a ordem econômica no âmbito da Operação Lava Jato.

Além de Marcelo Odebrecht, o relatório do delegado Eduardo Mauat da Silva também indiciou outros executivos da companhia: Rogério Santos de Araújo, Alexandrino de Salles de Alencar, Márcio Faria da Silva e Cesar Ramos Rocha. Segundo o delegado, há indícios de acerto prévio em licitação e pagamento de propinas em pelo menos sete obras da Petrobras.

Sentenças:

Dalton Avancini
- Ex-presidente da Camargo Corrêa e delator na Lava Jato.
- Condenado a 15 anos e dez meses de prisão, além de multa de 1,2 milhão de reais.
- Cumprirá um ano de prisão domiciliar, depois seguirá para o regime semiaberto de pelo menos dois anos, além de serviços comunitários. Depois seu regime progride para o aberto. Além da multa, pagará uma indenização cível de 2,5 milhões de reais.

Eduardo Hermelino Leite
- Ex-vice-presidente da Camargo Corrêa e delator na Lava Jato.
- Condenado a 15 anos e dez meses de prisão, além de multa de 900 mil reais.
- Cumprirá um ano de prisão domiciliar, depois seguirá para o regime semiaberto de pelo menos dois anos, além de serviços comunitários. Depois seu regime progride para o aberto. Além da multa, pagará uma indenização cível de 5,5 milhões de reais.

João Auler
- ex-presidente do conselho de administração da Camargo Corrêa.
- Condenado a nove anos e seis meses de prisão, além de multa de 288 mil reais.
- Começará cumprindo a pena em regime fechado, podendo migrar para o semiaberto após o cumprimento de 1/6 da pena.

Paulo Roberto Costa
- Ex-diretor de Abastecimento da Petrobras e delator na Lava Jato.
- Condenado a seis anos de prisão, além de multa de 373 mil reais.
- Esta sentença será unificada com a de sete anos e seis meses recebida em outro processo. Ele já cumpre prisão domiciliar. A partir de outubro, ele poderá deixar sua casa durante o dia.

Alberto Youssef
- doleiro e delator na Lava Jato
- Condenado a oito anos e quatro meses de prisão, além de multa de 593 mil reais.
- Esta sentença será unificada com a de nove anos e dois meses recebida em outro processo. Porém, graças ao acordo, Yousseff passará somente três anos na prisão. Em março de 2017, o doleiro progredirá diretamente ao regime aberto.

Jayme Alves de Oliveira Filho
- Ex-policial federal que fazia entrega de dinheiro a mando de Youssef.
- Condenado a 11 anos e dez meses de prisão, além de multa de 285 mil reais.

PV/rtr/dpa/lusa