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França condena cúmplices de decapitação de professor

21 de dezembro de 2024

Morte do professor Samuel Paty por radical islâmico em 2020 chocou a França. Quatro anos depois, Justiça condena cúmplices de assassino e autores de "campanha de ódio" que incitou crime, incluindo pai de uma aluna.

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Homenagem ao professor Samuel Paty em Paris
Homenagem ao professor Samuel Paty em ParisFoto: Kira Hofmann/dpa/picture alliance

A Justiça francesa condenou, nesta sexta-feira (20/12), a penas que variam de 1 a 16 anos de prisão, oito pessoas ligadas ao assassinato do professor de ensino médio Samuel Paty em 2020. Entre os condenados estão duas pessoas que auxiliaram o assassino - um radical islâmico - e um círculo acusado de mover uma "campanha de ódio" contra o professor antes do crime.

A morte de Paty, professor de História e Geografia, chocou a França. Em 16 de outubro, Abdoullakh Anzorov, um refugiado russo de origem chechena de 18 anos, decapitou o professor perto da escola onde ele lecionava, em Conflans-Sainte-Honorine, a noroeste de Paris. O agressor acabou sendo morto pela polícia.

Entre os condenados nesta sexta-feira estão Naïm Boudaoud e Azim Epsirkhanov, considerados cúmplices diretos no assassinato. Na véspera do ataque, os dois viajaram com Anzorov a Rouen, no oeste da França, para comprar a faca usada para decapitar o professor de 47 anos e que foi encontrada na cena do crime. Boudaoud também o levou em um carro até à escola. Os dois foram condenados a 16 anos de prisão.

Paty havia entrado na mira de Anzorov após publicações nas redes sociais apontarem que o professor havia exibido em uma aula caricaturas do profeta Maomé, publicadas pela revista satírica Charlie Hebdo, em uma aula sobre liberdade de expressão.

Algumas das publicações haviam sido feitas por Brahim Chnina, que propagou várias mensagens nas redes sociais e um vídeo contra o professor, depois que sua filha, aluna do centro de ensino, mentiu para ele ao afirmar que Paty teria discriminado estudantes muçulmanos naquele dia.

Segundo os promotores do caso, Chnina, junto com o pregador islamista Sefrioui, moveu uma "campanha de ódio" contra Paty nas redes sociais. Sefrioui chegou a chamar de "delinquente" o professor e, junto com Chnina, compareceu ao centro de ensino oito dias antes do assassinato, embora ambos tenham negado qualquer "intenção terrorista".  Brahim Chnina e Abdelhakim Sefrioui, foram condenados a 13 e 15 anos de prisão, respectivamente.

Os outros quatro condenados, entre eles uma mulher, foram classificados pela acusação como membros de uma "jihadosfera" que estava em contato com Anzorov nas redes sociais.

O tribunal condenou Priscilla Mangel, de 36 anos, a três anos de prisão com suspensão de pena por incitação ao terrorismo, e Yusuf Cinar, de 22, a um ano de prisão por apologia ao terrorismo.

Também condenou Ismaël Gamaev, de 22 anos, o único dos oito acusados que admitiu sua culpa, a cinco anos de prisão, com 30 meses de suspensão de pena, e Louqmane Ingar a três anos de prisão, dois deles com suspensão de pena.

Além disso, um tribunal de menores condenou por esses fatos, em dezembro de 2023, seis estudantes do ensino médio a penas de até seis meses de detenção. Cinco deles por vigiar o entorno do centro e indicar a Anzorov quem era Paty, e a filha de Chnina por calúnia.

jps (AFP, DW)