Absolvição
18 de julho de 2011Um tribunal de Budapeste absolveu nesta segunda-feira (18/07), em primeira instância, o antigo capitão da polícia húngara Sandor Kepiro por suposta participação na morte de pelo menos 1,2 mil civis judeus, romenos e sérvios em janeiro de 1942. O massacre ocorreu na região de Novi Sad – hoje território sérvio, mas que à época se encontrava sob domínio da Hungria, aliada à Alemanha nazista.
A promotoria pedia prisão perpétua e o pagamento das custas do processo. No entanto, a Justiça entendeu não haver provas de que Kepiro tivesse conhecimento prévio sobre o massacre. De acordo com parte da sentença proferida nesta segunda-feira pelo juiz Bela Varga, o ex-capitão húngaro teria participado da prisão de civis durante a ocupação da área, mas não dos assassinatos.
Considerado um dos últimos criminosos nazistas da Segunda Guerra Mundial ainda vivos, Kepiro, hoje com 97 anos de idade, sempre negou o envolvimento na ação. Ele também se diz inocente das acusações de que teria ordenado a execução de 36 pessoas.
"Sou inocente, não cometi assassinatos, nem roubos. Apenas servi a meu país", afirmou Kepiro por meio de uma declaração lida antes do anúncio do veredicto. A leitura da sentença foi dividida em dois, devido às frágeis condições de saúde do réu, deve ser concluída apenas nesta terça-feira (19/07). Enquanto ouvia seu do veredicto, Kepiro recebia medicamento intravenoso. A cada 15 minutos, era levado para atendimento médico.
O julgamento começou em 5 de maio último, mas foi suspenso por mais de uma semana para que o ex-capitão fosse submetido a avaliações médicas e psiquiátricas para avaliar sua capacidade de ouvir e entender os acontecimentos na corte.
Haverá recurso
"O veredicto de hoje ri na nossa cara e na de pelo menos outras 1.246 vítimas de Novi Sad. Vamos fazer de tudo para derrubar este veredicto", garantiu Efraim Zuroff, do Centro antinazista Simon Wiesenthal.
Em 1944, Kepiro já havia sido julgado e condenado a dez anos de detenção, mas a condenação foi anulada pelo regime à época. O novo julgamento foi realizado à revelia, pois ele já havia fugido.
Kepiro viveu na Argentina entre 1948 e 1996. Ele foi encontrado pelo Centro Simon Wiesenthal em 2006 na Hungria, onde viveu clandestinamente por dez anos.
MS/dpa/dapd/rts
Revisão: Roselaine Wandscheer