Kamala soma apoios, mas nem de todos os democratas
22 de julho de 2024Os democratas correm para encontrar um novo candidato à presidência dos Estados Unidos nesta segunda-feira (22/07), após o presidente Joe Biden, de 81 anos, ceder às pressões internas para que desistisse de sua candidatura, em meio às preocupações sobre sua idade e capacidade de vencer o rival republicano, Donald Trump, na eleição de novembro.
A vice-presidente Kamala Harris largou na frente na disputa pela candidatura democrata, com o próprio mandatário endossando a candidatura dela. "Minha primeira decisão como candidato do partido em 2020 foi escolher Kamala Harris como minha vice-presidente. E foi a melhor decisão que tomei. Hoje quero oferecer todo o meu apoio e endosso para que Kamala seja a indicada do nosso partido este ano. Democratas – é hora de nos unirmos e derrotar Trump. Vamos fazer isso", afirmou o presidente.
A desistência de Biden desencadeou uma corrida para confirmar um novo candidato na convenção democrata em Chicago em 19 de agosto – ou mesmo chegar a um consenso bem antes disso. O partido prometeu um "processo transparente e ordenado” para substituir Biden.
Além de Biden, outros grandes nomes dos democratas logo apoiaram Harris, como o casal Bill e Hillary Clinton. "Temos a honra de nos unir ao presidente para apoiar a vice-presidente Harris e faremos tudo o que pudermos para apoiá-la", disse o casal Clinton em sua declaração publicada no X. "Agora é a hora de apoiar Kamala Harris e lutar com tudo o que temos para elegê-la."
Apoios de todos os lados
O governador do estado da Pensilvânia, Josh Shapiro, também anunciou que fará todo o possível para apoiar Harris. Mais apoio veio dos governadores da Carolina do Norte, Roy Cooper, da Califórnia, Gavin Newsom, e de Michigan, Gretchen Whitmer.
Outros democratas de destaque, como o secretário de Transportes, Pete Buttigieg, e a deputada da esquerda do partido Alexandria Ocasio-Cortez, também prometeram seu apoio a Harris, bem como a ex-presidente da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi.
Mas muitos nomes importantes – desde o líder da minoria na Câmara, Hakeem Jeffries, até o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, e o ex-presidente Barack Obama – não se posicionaram.
"Estaremos navegando em águas desconhecidas nos próximos dias. Mas tenho uma confiança extraordinária de que os líderes do nosso partido serão capazes de criar um processo do qual surja um candidato excepcional”, disse Obama numa declaração após o anúncio de Biden, sem citar o nome de Harris.
Centenas de ligações telefônicas
Logo após a desistência de Biden, a própria vice-presidente afirmou que pretende "merecer e ganhar" a nomeação do Partido Democrata e derrotar o republicano Donald Trump. Ela afirmou que fará tudo o que estiver ao seu alcance "para unir o Partido Democrata" e a nação para derrotar Trump. "Temos 107 dias até ao dia das eleições", declarou Harris.
Já no domingo, a campanha de Biden mudou formalmente seu nome para Harris para Presidente, refletindo o fato de que ela está herdando a operação política de Biden, com mais de mil funcionários.
Harris passou a maior parte do domingo cercada pela família e pela equipe, fazendo mais de cem ligações para autoridades democratas a fim de obter apoio para sua candidatura, de acordo com uma pessoa próxima dela que falou com a agência de notícias AP.
Harris tenta garantir o apoio dos delegados democratas na convenção de agosto. Líderes estaduais dos democratas endossaram Harris quase unanimemente como a nova candidata numa teleconferência.
Num e-mail, Biden pediu a seus apoiadores que doassem dinheiro para a campanha de Harris. A ActBlue, plataforma democrata de arrecadação de fundos, anunciou que havia coletado 46,7 milhões de dólares de doações em pequenas quantias para a campanha de Harris nas primeiras horas após o anúncio de Biden. A campanha de Biden tinha anteriormente cerca de 96 milhões de dólares em caixa.
Trump ataca Harris
Trump já passou a atacar, também no nível pessoal, Harris. Ela seria mais fácil de ser derrotada do que Biden, disse à emissora CNN. Em seu discurso de campanha em Michigan, no sábado, ele já havia zombado da vice-presidente: "Você já a viu rindo? Ela é louca!"
Funcionários da campanha de Trump disseram à agência de notícias Reuters que Harris será apresentada como a "copiloto" das políticas do governo que, segundo o republicano, estão por trás das duas principais fontes de descontentamento dos eleitores: imigração e custo de vida.
As mesmas pessoas disseram que a campanha de Trump vinha se preparando há semanas para enfrentar Harris caso Biden desistisse.
A campanha de Trump sinalizou que vai vinculá-la o mais fortemente possível à política de imigração de Biden, que os republicanos dizem ser a culpada por um aumento acentuado no número de pessoas que cruzam ilegalmente a fronteira sul com o México.