Líderes mundiais apoiam Reino Unido no caso Skripal
6 de setembro de 2018Alemanha, Canadá, França e Estados Unidos apoiaram nesta quinta-feira (06/09) a tese do Reino Unido de que o governo da Rússia "quase certamente" aprovou o ataque contra o ex-espião russo Serguei Skripal e sua filha Yulia, em março, com o poderoso agente químico Novichok.
Em comunicado conjunto, os líderes das cinco potências reafirmaram sua "indignação" com o envenenamento e disseram ter "plena confiança" de que os responsáveis pela tentativa de assassinato são oficiais do serviço de inteligência militar russo.
"Nós, líderes da França, Alemanha, Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, reiteramos nossa indignação com o uso de um agente químico nervoso, conhecido como Novichok, em Salisbury [Inglaterra] em 4 de março", diz o comunicado emitido em Londres.
Os países também urgiram que o governo em Moscou seja claro sobre seu programa Novichok com a Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq), divulgando-o inteiramente.
Os líderes acrescentaram que pretendem fortalecer seus esforços para "atrapalhar atividades hostis de redes de inteligência estrangeiras" em seus territórios e para defender seus cidadãos de "todas as formas de atividade maligna que possa ser cometida por um Estado".
"Nós já concordamos em agir para interromper as atividades do GRU [serviço militar de inteligência russo] através da maior expulsão de agentes não declarados", afirmaram.
No comunicado, os líderes ainda saudaram o progresso alcançado pelas autoridades britânicas na investigação do caso Skripal, bem como a acusação formal contra dois cidadãos russos suspeitos pelo crime, anunciada na quarta-feira.
Um porta-voz de Downing Street informou que a primeira-ministra britânica, Theresa May, conversou sobre o assunto com o presidente americano, Donald Trump, na terça-feira, com o premiê canadense, Justin Trudeau, na quarta, e com o presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, na manhã desta quinta-feira.
Em reação às acusações, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que "qualquer tipo de acusação em relação à liderança russa é inaceitável". "Nem a alta liderança da Rússia, nem os que estão nas fileiras abaixo, nem qualquer representante oficial tem algo a ver com os eventos em Salisbury", disse ele.
A declaração indignada foi também uma resposta às declarações do ministro britânico de Segurança, Ben Wallace, que dissera mais cedo que o presidente russo, Vladimir Putin, foi em "última instância" responsável pelo ataque aos Skripal.
O caso Skripal
Na quarta-feira, promotores britânicos acusaram formalmente dois cidadãos russos pela tentativa de assassinato do ex-espião russo e sua filha, e um mandado de prisão europeu foi emitido contra os acusados, identificados como Alexander Petrov e Ruslan Boshirov. Ambos possuem passaportes russos legítimos, mas estariam viajando com identidades falsas.
Os dois suspeitos chegaram ao Reino Unido em 2 de março e partiram no dia 4, mesma data do ataque em Salisbury. Vestígios de contaminação por Novichok foram encontrados num quarto de hotel onde eles ficaram hospedados em Londres.
Além de tentativa de triplo assassinato – o ex-espião, sua filha e um policial que passou mal ao ir à casa dos Skripal –, os dois russos são acusados de posse e uso de Novichok, um agente nervoso mortal desenvolvido pelos militares soviéticos durante a Guerra Fria.
Skripal, um ex-coronel da inteligência militar russa, denunciou dezenas de agentes de Moscou para o serviço de espionagem britânico, o MI6. Ele e Yulia foram encontrados inconscientes no banco de uma praça na pequena cidade inglesa de Salisbury em 4 de março. Ambos estão bem.
O governo britânico sempre acusou a Rússia de ter orquestrado o ataque, algo que o Kremlin nega. Em represália, Reino Unido e aliados, incluindo Estados Unidos e nações europeias, expulsaram à época dezenas de diplomatas russos, enquanto Moscou fez o mesmo com diplomatas estrangeiros. Ao todo, as ordens de expulsão atingiram mais de 300 funcionários em vários países.
EK/afp/dpa/efe/rtr
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