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Lagos vitais desaparecem pelo mundo

Jennifer Collins
11 de fevereiro de 2017

A escassez de água é um problema crescente, com a África sendo duramente atingida. Com aumento das temperaturas e redução das chuvas, os lagos secam. Confira alguns dos exemplos mais emblemáticos.

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Imagens de satélite mostram a regressão do lago Poopó, na Bolívia, nos últimos três anosFoto: ESA/Belspo

Lago Poopó

Barcos de pesca vazios estão encalhados na terra ressecada e rachada do outrora imponente lago Poopó, na Bolívia. A redução do nível de água do lago tem sido contínua durante anos, mas no início de 2016 secou quase completamente – um desastre para a vida selvagem e famílias dependentes dele para a pesca.

O lago Poopó sempre foi raso. Mas cientistas afirmam que, desta vez, ele pode não se recuperar. As mudanças climáticas fazem parte do problema. A precipitação diminuiu regularmente, e as temperaturas aumentaram dois graus Celsius nas últimas três décadas – um fator agravado pelo fenômeno El Niño, segundo os especialistas.

Mas o ressecamento do lago é um desastre também causado pelo Homem. A água do rio que alimenta o lago é desviada para a agricultura, assim como às minas de prata e estanho na região.

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Cerca de 30 milhões de pessoas dependem do lago Chade, cuja água diminuiu dramaticamente no último meio séculoFoto: Getty Images/P.Desmazes

Lago Chade

O lago Chade chegou a ser um dos maiores do mundo. Durante séculos, tem sido uma fonte vital de alimento e água para as comunidades que vivem ao redor. Mas ele está desaparecendo num ritmo assombroso. Desde a década de '960, diminuiu de cerca de 25 mil quilômetros quadrados para 1.350 quilômetros quadrados – o que equivale aproximadamente ao tamanho de Belize, pequeno país caribenho. A área é agora um amontoado de lagoas, ilhas e vegetações rasteiras.

O que outrora era uma terra fértil virou poeira. Agricultura e reservas piscícolas entraram em colapso. Cerca de 30 milhões de pessoas em países que incluem Chade, Camarões, Níger e Nigéria dependem dessas águas. O encolhimento do lago mergulhou a bacia numa crise de alimentos e desnutrição "numa escala épica", de acordo com agências de ajuda humanitária.

Projetos insustentáveis de irrigação, desviando a água do lago e dos rios Chari e Logone, são parte do problema. Entre 1983 e 1994, a irrigação na área aumentou quatro vezes, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Mas as temperaturas elevadas e a diminuição das chuvas devido às mudanças climáticas também carregam culpa.

Totes Meer
O Mar Morto é destino turístico apreciado por suas supostas propriedades curativas e pela diversão de flutuarFoto: picture-alliance/blickwinkel/P. Royer

Mar Morto

O Mar Morto é, na verdade, um grande lago. É abastecido pelo rio Jordão e, embora não tenha nenhuma ligação com qualquer oceano, é tão salgado que nada além de alguns tipos de bactérias e algas conseguem sobreviver. Localizado na fronteira entre Israel, Cisjordânia e Jordânia, o Mar Morto é visitado por muitos banhistas e turistas devido às suas supostas propriedades de cura e à diversão de flutuar sem qualquer esforço. 

O lago sobreviveu por milhares de anos porque a relação da água que evapora dele e aquela que flui nele permaneceu relativamente estável. Mas esse equilíbrio foi conturbado com o crescimento populacional na região. A água tem sido desviada para abastecer casas e também para o uso no setor químico e em plantações de batata. O nível está caindo cerca de um metro por ano, e o Mar Morto pode desaparecer completamente.

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Carcaças de embarcações encalhadas em áreas que outrora eram banhadas pelo Mar de AralFoto: picture-alliance/dpa

Mar de Aral

Carcaças enferrujadas se erguem da areia como monumentos fantasmagóricos – numa região que já fora um porto de pesca vívido e próspero. A cidade de Moynaq, no Cazaquistão, teve em seu auge dezenas de milhares de habitantes e estava localizada nas margens do Mar de Aral. Agora, as águas do que já foi o quarto maior lago do mundo estão a mais de cem quilômetros de distância, e a próspera indústria pesqueira e de alimentos em conserva da cidade desmoronou.

O Mar de Aral tem encolhido desde a década de 1970. A água que fluía no grande lago foi desviada para irrigar a crescente produção de algodão do Uzbequistão, como parte do plano soviético de transformar a Ásia Central no maior produto mundial de algodão. Durante certo tempo, o país foi o maior exportador de algodão do mundo. Mas o desvio da água, juntamente com a construção de hidrelétricas e reservatórios, cobra o seu preço. É um desastre ambiental para as pessoas que vivem ao redor do lago e também para a vida selvagem.