Lançamento de foguete pela Coreia do Norte gera críticas internacionais
12 de dezembro de 2012Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e Alemanha criticaram duramente o lançamento de um foguete pela Coreia do Norte. Também a China lamentou o teste. Apesar de todas as advertências internacionais, o foguete de longo alcance foi lançado nesta quarta-feira (12/12) na costa oeste norte-coreana.
O lançamento aconteceu de forma inesperada, pois a Coreia do Norte havia anunciado que, por problemas técnicos, pretendia prorrogar o prazo para o lançamento até o dia 29 de dezembro.
Por volta das 10h (horário local), um contratorpedeiro sul-coreano registrou o lançamento do foguete, disse um porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Sul. Ele disse ainda que, antes de desaparecer dos radares, a primeira fase do foguete caiu no Mar Amarelo. Depois o projétil sobrevoou uma ilha sul-coreana, perto da fronteira com a Coreia do Norte e o oeste da ilha japonesa de Okinawa.
Esta foi a segunda tentativa de lançamento de um foguete de longo alcance pela Coreia do Norte neste ano. Segundo a agência de notícias estatal do país, a KCNA, o foguete colocou um satélite científico em órbita terrestre. No entanto, para Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos, o lançamento do satélite foi um pretexto de Pyongyang para testar um foguete com fins militares.
Críticas mundiais
Praticamente toda a comunidade internacional condenou o lançamento do foguete pela Coreia do Norte. Os Estados Unidos criticaram o procedimento norte-coreano como um "ato altamente provocador que ameaça a segurança regional" e viola resoluções das Nações Unidas. O porta-voz do Conselho Nacional de Segurança dos EUA afirmou que o lançamento seria mais um exemplo do "padrão de comportamento irresponsável norte-coreano."
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também qualificou o teste norte-coreano como um ato provocador. O secretário-geral está preocupado com a segurança em toda a região, disse um porta-voz de Ban.
O Japão também expressou duras críticas a Pyongyang e exigiu uma reunião do Conselho de Segurança da ONU. O teste do foguete não seria permitido, disse um porta-voz do governo em Tóquio. Além disso, destroços do foguete teriam caído na península sul-coreana e no leste das Filipinas.
O presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, anunciou uma reunião extraordinária sobre a segurança nacional ainda para esta quarta-feira. O ministro do Exterior sul-coreano, Kim Sung-hwan, ameaçou a Coreia do Norte com graves consequências.
Também o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, condenou duramente o lançamento. Segundo ele, "com esta provocação deliberada, a Coreia do Norte viola de forma irresponsável suas obrigações internacionais e exacerba a tensão na região."
Aliados também criticam
O lançamento do foguete norte-coreano também não agradou à China, tradicional aliado de Pyongyang, e tampouco à Rússia. A China disse "lamentar o lançamento do foguete". Este teria se concretizado "apesar da grande preocupação da comunidade internacional", disse um porta-voz do Ministério do Exterior nesta quarta-feira, em Pequim. Segundo o porta-voz, a paz e a estabilidade na península coreana só podem ser alcançadas através do diálogo.
Já o Ministério do Exterior da Rússia declarou em Moscou que o lançamento do foguete seria "profundamente lamentável" e que ele não contribuiria para o fortalecimento da estabilidade na região. Ao contrário, teria "efeitos negativos". É inaceitável que o teste do foguete tenha acontecido apesar da resolução 1874 da ONU, que proíbe a Coreia do Norte de testar foguetes de longo alcance, declarou o ministério russo.
Resolução da ONU
O lançamento desta quarta-feira foi a segunda tentativa desde que Kim Jong-un subiu ao poder na Coreia do Norte, após seu pai, Kim Jong-il, ter falecido há cerca de um ano. O primeiro teste aconteceu em abril último, mas o projétil caiu pouco após o lançamento.
A Coreia do Norte possui foguetes de curto e médio alcance, mas diversos testes de foguetes de longo alcance – em 1998, 2006, 2009 e 2011 – fracassaram. Após tais testes, as Nações Unidas impuseram sanções contra a Coreia do Norte. Além disso, segundo uma resolução da ONU de 2009, o governo em Pyongyang está proibido de lançar foguetes balísticos.
Especialistas norte-americanos acreditam que a Coreia do Norte possua plutônio suficiente para armar dezenas de bombas atômicas. Mas, até agora, não se sabia que o país possuía foguetes capazes de transportar tais bombas.
CA/dpa/afp/dapd/rtr
Revisão: Alexandre Schossler