Leipzig: Novo centro automobilístico da Alemanha
15 de maio de 2005A recém-inaugurada fábrica da BMW em Leipzig elevou a cidade ao patamar de grande centro industrial do país, com destaque para a produção automobilística. Com a geração inicial de 2500 empregos diretos, a moderna unidade de produção de veículos BMW conta com todas as etapas essenciais para a fabricação de carros: estamparia, pintura e montagem. Localizada em uma região verde, não muito distante da fábrica da Porsche, o complexo trouxe mais um impulso para o Estado da Saxônia, que também abriga uma montadora da Volkswagen na cidade de Zwickau.
O volume de investimento total foi de 1,3 bilhão de euros, uma cifra nada desprezível. A solenidade oficial de inauguração contou com a presença do chanceler federal Gerhard Schröder, que elogiou a iniciativa da BMW, cuja sede fica na Baviera, de investir em outro Estado alemão. A escolha da cidade de Leipzig, entretanto, não ocorreu ao acaso nem foi motivada pelo simples desejo de alavancar a região leste do país, que ainda sofre com altas taxas de desemprego.
O diretor da unidade de Leipzig, Peter Claussen, tido como uma espécie de "messias" por ter defendido a construção da fábrica neste local, revelou que ficou impressionado com o "incrível potencial da força de trabalho" há quatro anos, quando visitou a então cidade candidata. "Nós encontramos aqui pessoas que não apenas queriam mas podiam mudar algo", disse Claussen, ressaltando ainda a importância da combinação entre disposição e capacidade para aprender.
Alegria, sem euforia
Um desses exemplos é Jörg Lindner, que, ao lado de 130 mil candidatos, concorreu para uma vaga na BMW de Leipzig. Ele teve sorte e hoje inspeciona os veículos da nova série 3 sedan no final da linha de montagem. "Estou contente por estar aqui. Antes, estava desempregado". Aos 38 anos, Jörg está na média da faixa etária dos funcionários desta fábrica, que também emprega tanto pessoas mais jovens quanto mais experientes. O mais novo tem 18 anos e é aprendiz, e o mais velho tem 61 anos.
A unidade da BMW em Leipzig pode produzir até 650 veículos por dia. Depois da fase inicial e de acordo com a utilização de sua capacidade, serão criados mais de cinco mil empregos a longo prazo. Embora a perspectiva seja boa, não há motivo para uma alegria exagerada, uma vez que a BMW, sozinha, não será capaz de sanar o problema da região.
Dos 140 mil postos de trabalho existentes entre Leipzig e Halle até a reunificação, menos de 20 mil ainda persistem. A taxa de desemprego ultrapassa os 20%. O executivo Claussen lembra que, em relação à situação geral do mercado de trabalho, a fábrica da BMW é apenas uma gota d'água no oceano.
Investindo em solo alemão
Mesmo assim, quando uma montadora decide abrir uma nova unidade em solo alemão, isto não deixa de ser um motivo de contentamento, uma espécie de "sinal positivo". Helmut Panke, presidente da BMW, frisou que nos dias de hoje é raro que uma empresa alemã invista na construção de uma nova fábrica de automóveis, ainda mais dentro do país.
"Mas a Alemanha ainda oferece as melhores condições para o sucesso frente à concorrência internacional. Esta decisão [de abrir uma unidade em solo alemão] não é um sinal apenas para nossa empresa, mas também para a região de Leipzig e Halle. E ainda atesta que a indústria automobilística tem futuro na Alemanha".
Leipzig, que antes da 2ª Guerra Mundial era considerada centro industrial da Alemanha ao lado de Dresden e Chemnitz, retoma aos poucos seu brilho de outrora. Além da Porsche e da BMW, que lhe dão o título de cidade das montadoras, abriga também a KarstadtQuelle, uma empresa que revende artigos por catálogo, e, dentro em breve, será também sede da DHL, que oferece serviços de transporte expresso e de logística.