Letta vence queda de braço com Berlusconi e continua à frente do governo
2 de outubro de 2013Um surpreendente recuo do ex-premiê Silvio Berlusconi marcou a importante vitória obtida pelo primeiro-ministro Enrico Letta no Parlamento italiano nesta quarta-feira (02/10).
Pela manhã, Letta ganhou por ampla maioria um voto de confiança do Senado. Dos 321 senadores que compõem a casa, 235 votaram pela manutenção do governo e 70, contra. Houve 14 abstenções. Na câmara baixa, onde tem maioria, a vitória já era dada como certa.
Pouco antes, Berlusconi convocara seu partidários do Partido da Liberdade (PdL) a apoiarem o governo. "Decidimos, não sem debate interno, dar um voto de confiança a este governo", disse o ex-premiê.
O recuo público surpreende porque, no sábado, Berlusconi havia ordenado aos cincos ministros do PdL no governo Letta a entregarem seus cargos, jogando a Itália em nova crise governamental.
A decisão de Berlusconi de abandonar o governo Letta, no sábado passado, originou uma revolta pouco usual dentro do PdL. Os ministros do partido, entre eles o vice-primeiro-ministro Angelino Alfano, entregaram seus cargos, mas criticaram a postura do ex-premiê.
Alfano, que é afilhado político de Berlusconi, disse abertamente que iria apoiar o governo na votação desta quarta. Pouco antes da intervenção de Berlusconi, circulava no Senado uma lista com o nome de 23 parlamantares do PdL que sinalizavam apoio a Letta. Esse número já era suficiente para a manutenção do governo, independentemente do apoio de Berlusconi.
Na terça-feira, Letta havia rejeitado as renúncias apresentadas pelos cinco ministros. Além de Alfano, são eles Nunzia De Girolamo (Agricultura), Beatrice Lorenzin (Saúde), Maurizio Lupi (Infraestruturas e Transportes) e Gaetano Quagliariello (Reformas Institucionais).
Apesar de resolvido, o impasse parlamentar, sete meses após uma eleição inconclusiva, deixa questionamentos a respeito da habilidade de Letta de lidar com os problemas na economia da Itália, que inquietam seus parceiros na zona do euro.
O pano de fundo da crise italiana é a possível perda do mandato de senador por Berlusconi. Condenado a quatro anos de prisão por fraude fiscal, o ex-premiê corre o risco de perder o mandato nos próximos dias e, com ele, a imunidade parlamentar.
AS/afp/dpa/efe/lusa