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Lewandowski quer ir embora do Bayern – e é pra já

Gerd Wenzel
Gerd Wenzel
31 de maio de 2022

Para o atacante, história com os bávaros já acabou, mas o clube insiste no cumprimento do contrato até 2023 enquanto busca um sucessor. O Bayern deveria saber que um jogador insatisfeito pode causar mais mal do que bem.

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Robert Lewandowski, jogador do Bayern de Munique, acena para a torcida
Robert Lewandowski: "Depois de tudo o que aconteceu, não me vejo mais trabalhando no clube, porque me senti desrespeitado"Foto: Sven Simon/Frank Hoermann/Image Images

"Não impeçam o viajante de viajar" é um ditado na língua alemã que se aplica ao rumoroso conflito entre Robert Lewandowski e o Bayern de Munique. Lewandowski quer ir embora, e o clube bávaro insiste no cumprimento do contrato válido até 2023. Há meses que esse conflito se arrasta e chegou a mais um estágio na sua escalada nesta segunda-feira (30/05). "Minha história no Bayern acabou", declarou o atacante a jornalistas presentes numa coletiva de imprensa com jogadores da seleção polonesa.

Trata-se de um processo rasante de se desvincular do clube por meio do qual o jogador tenta forçar sua saída. Dois anos antes, por ocasião da conquista de mais um título da Champions League, Lewandowski ainda afirmava que essa conquista representaria a inauguração "de uma nova era na história do Bayern".

É justo perguntar como, num tão curto espaço de tempo, a relação entre o jogador e o clube se deteriorou a tal ponto que, para Robert Lewandowski, agora "o Bayern já é história".

Bayern à procura de um sucessor

Vale lembrar que a escalada do conflito entre as partes teve o seu pontapé inicial em agosto do ano passado, quando, durante um programa de TV, o diretor de esportes Hasan Salihamidzic tornou público o interesse por Erling Haaland: "Sessenta gols em 60 jogos! Temos que olhar isso, caso contrário seríamos muito amadores", afirmou o bósnio – para extremo desgosto de Lewandowski.  

Faltou habilidade do cartola ao confirmar em público, perante mais de um milhão de telespectadores, seu interesse em Haaland. A essa altura, ficou claro para o artilheiro da Bundesliga que o radar do Bayern estava à procura do seu sucessor.

Dois meses depois, o agente Pini Zahavi foi a Munique para tratar da renovação do contrato de Lewandowski com Oliver Kahn e Hasan Salihamidizic, mas, para sua surpresa, não recebeu nenhuma resposta dos dirigentes, nem pelo sim, nem pelo não.

Diante do silêncio ensurdecedor dos cartolas, Zahavi sugeriu que o atacante polonês fosse colocado à venda, ao que a diretoria do clube respondeu: "Havendo uma proposta de 120 milhões de euros, fazemos negócio." Era mais ou menos o valor total (passe, luvas, comissões, etc.) necessário para adquirir o badalado jovem Erling Haaland.

Para Lewandowski, ficou patente que o atacante norueguês continuava fazendo parte dos planos do decacampeão alemão.     

Não bastasse isso, no dia do jogo contra o Borussia Dortmund, quando os bávaros levantaram mais uma vez a salva de prata, o artilheiro nº 1 da Bundesliga ficou sabendo através da mídia que o Bayern continuava fortemente interessado na aquisição de Haaland. Depois dessa, Lewandowski não estava a fim de comemorar coisa alguma e abandonou a festança organizada pela diretoria no chiquérrimo restaurante Rocca Riviera apenas uma hora depois de ter começado.

A relação entre o jogador e o clube, que parecia ser um casamento perfeito, foi se deteriorando pouco a pouco. O Bayern está perdendo Lewandowski basicamente por sua própria atitude dúbia quanto à renovação do contrato e também por ter manifestado ostensivamente seu interesse por Erling Haaland.

"Não impeçam o viajante de viajar"

Para Lewandowski o capítulo Bayern de Munique parece estar mesmo encerrado, e ele já começa a lançar seu olhar para o futuro em outras paragens.

"Depois de tudo o que aconteceu nos últimos meses, não me vejo mais trabalhando no clube, porque me senti desrespeitado. O Bayern é um clube sério, e espero que me liberem das obrigações contratuais." Logo em seguida mudou de assunto: "A Espanha é espetacular. Temos uma casa em Maiorca e nos sentimos muito bem por lá. O país é ótimo – e não só para passar férias."

Enquanto isso, o Bayern insiste no cumprimento do contrato que vence em 2023, mas precisa saber que um jogador insatisfeito pode causar mais mal do que bem, não tanto em campo, mas no vestiário e durante os treinos essa sua insatisfação perene poderá vir à tona com efeitos imprevisíveis sobre o elenco.

"Não impeçam o viajante de viajar!" Que algum diretor do Bayern possa se lembrar desse antigo ditado.  

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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Atuou nos canais ESPN como especialista em futebol alemão de 2002 a 2020, quando passou a comentar os jogos da Bundesliga para a OneFootball de Berlim. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit é publicada às terças-feiras. 

O texto reflete a opinião do autor, não necessariamente a da DW.

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Halbzeit

Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Na coluna Halbzeit, ele comenta os desafios, conquistas e novidades do futebol alemão.