Liberais abrem campanha com críticas ao governo e a ex-aliados
6 de janeiro de 2002Enquanto CDU e CSU discutem quem será seu candidato único a chanceler federal, o Partido Liberal já entrou em clima de campanha eleitoral. Em seu tradicional Encontro do Dia de Reis, realizado todos os anos em 6 de janeiro, os liberais atacaram duramente o governo social-democrata e verde, criticaram os ex-aliados conservadores e fixaram uma meta ambiciosa para o pleito de 22 de setembro.
O encontro em Stuttgart começou com cena para as câmeras de fotógrafos e cinegrafistas. O vice-presidente Jürgen Möllemann chegou de pára-quedas. Vestido com terno azul e amarelo, cores do partido, o pára-quedista amador pulou de um Cessna, a mais de mil metros de altitude, aterrizando no lago congelado Eckensee, diante do Staatstheater, no centro da capital de Baden-Württemberg. Colunas de fumaça amarelas ajudaram Möllemann a localizar o local para pouso.
A intenção do político foi mostrar que os liberais estão confiantes em atingir sua meta inédita de 18% dos votos em todo o país. "A temperatura do ar deveria estar uns 18 graus negativos e acredito que a camada de gelo seja de 18 centímetros", brincou Möllemann referindo-se ao número escolhido para a campanha deste ano.
Críticas à CDU
– Após ter participado dos 16 anos do governo Helmut Kohl, de 1982 a 1998, o Partido Liberal distancia-se agora do ex-aliado. O presidente Guido Westerwelle anunciou que os liberais irão disputar as eleições sem antecipar que alinhamento terá após o pleito. "Há pontos comuns, mas também divergências tanto com a União (CDU e CSU), quanto com o SPD", afirma Westerwelle.O presidente mais jovem dos grandes partidos alemães analisa a disputa pela candidatura conservadora entre CDU e CSU como algo "muito além de uma questão de nome". Segundo o advogado de 40 anos, enquanto Angela Merkel e a União Democrata-Cristã sinalizam um "rumo algo social-democrático", Edmund Stoiber e a União Social-Cristã indicam uma opção "basicamente conservadora". A definição do nome mostrará em que direção as uniões cristãs caminham, avalia o liberal.
Verdes como alvo prioritário
– O também vice-presidente Walter Döring criticou igualmente o comportamento dos ex-aliados. Para ele, não passam de estratégia eleitoral os obstáculos postos pelos conservadores à imigração orientada e limitada, tal como defendida pelos liberais. Por outro lado, Döring culpou o governo Schröder pelo desaquecimento econômico e disse que o chanceler fracassou no combate ao desemprego.O Partido Liberal declarou ainda os verdes como seus principais adversários este ano. Uma derrota do parceiro de governo dos social-democratas abrirá o caminho para a volta dos liberais ao poder, seja como aliado do partido do chanceler Gerhard Schröder ou da dupla CDU/CSU. Desde que assumiu responsabilidades no governo federal em 1998, o Partido Verde só viu suas votações em eleições estaduais caírem. Já os liberais vêm obtendo bons resultados regionais.
Coerente com a estratégia, Westerwelle descartou a hipótese de formar um governo tripartite com SPD e verdes. Recentemente, fracassaram negociações para a formação de um governo deste tipo em Berlim. Os liberais tentarão responsabilizar o partido ecologista pelos pontos fracos do atual governo federal e escolheram economia e transporte, assim como educação, como seus temas prioritários.
Caso atinjam a meta recorde de 18%, os liberais poderão até mesmo ser responsáveis pela definição de quem será o partido majoritário do governo e, em conseqüência, o próximo chanceler federal.
Teste preliminar
– Segundo Möllemann e Westerwelle, as eleições de abril na Saxônia-Anhalt serão o ensaio geral para o pleito federal. "Temos crescido em todas as eleições municipais na Saxônia-Anhalt, na Saxônia e em Brandemburgo, o que mostra que o Partido Liberal é bom e importante no leste. Nós corrigimos nosso rumo. Aprendemos com nossos erros e agora disputaremos o governo da Saxônia-Anhalt com Cornelia Pieper (secretária-geral do partido). Estamos bem representados", afirma o presidente Westerwelle."As eleições na Saxônia-Anhalt são chave. Lá vamos verificar a plausibilidade de nossa Estratégia 18", avalia Möllemann.