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Lideranças pró-democracia são presas em Hong Kong

30 de agosto de 2019

Entre os detidos está Joshua Wong, tido como figura central nos protestos contra Pequim que já duram três meses. Polícia proíbe manifestação que marcaria cinco anos do Movimento dos Guarda-Chuvas.

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Operação policial prende ativistas pró-democracia em Hong Kong
Operação policial prende ativistas pró-democracia em Hong KongFoto: Reuters/D. Siddiqui

Figuras centrais do movimento pró-democracia de Hong Kong foram presas numa operação policial nesta sexta-feira (30/08), sob suspeita de organizar ou participar de manifestações ilegais no território semiautônomo da China.

Entre os detidos estavam Joshua Wong e Agnes Chow, considerados mentores das manifestações de massa que se intensificaram em meados de junho e geraram a maior crise política em Hong Kong, em duas décadas. Wong foi o ícone dos protestos pró-democracia de cinco anos atrás, que serviram de estopim para as turbulências atuais, e com os quais Chow também esteve envolvida. No total, 28 pessoas foram presas.

Mais tarde, Wong e Chow seriam libertados sob fiança, mas continuam sob investigação por sua participação nos protestos. Wong, entretanto, não vinha sendo figura central nas manifestações dos últimos três meses, num movimento que não possui líderes identificáveis.

Os ativistas, ambos de 22 anos de idade, foram acusados de "incitação a terceiros para tomar parte em reuniões não autorizadas", cuja pena prevista é de cinco anos de prisão, entre outras acusações. Wong já fora detido em 2019 por desacato, sendo libertado em junho após cumprir sentença de cinco semanas.

Um protesto de grande porte que estava sendo planejado para este sábado por organizações de direitos civis foi proibido pela polícia, alegando questões de segurança. A data marcaria os cinco anos de uma controversa rejeição por Pequim a uma proposta de sufrágio universal e eleições democráticas no território, que resultou no desencadeamento de 79 dias de protestos na cidade.

As manifestações de 2014 ficaram conhecidas como Movimento dos Guarda-Chuvas e serviram de inspiração aos atuais protestos pró-democracia. Os organizadores da manifestação deste sábado cancelaram oficialmente o evento após a imposição da proibição, temendo pela segurança dos manifestantes.

Andy Chan, fundador do independentista Partido Nacional de Hong Kong, foi preso no aeroporto da cidade acusado de participação em tumultos e de atacar a polícia durante um protesto em 13 de julho. Seu partido foi banido em 2018 por supostamente representar ameaça em nível nacional. Esta foi a primeira proibição desse tipo desde que os britânicos devolveram Hong Kong ao domínio chinês, em 1997.

Joshua Wong, considerado mentor das manifestações pró-democracia em Hong Kong
Joshua Wong, considerado mentor das manifestações pró-democracia em Hong KongFoto: Reuters/T. Peter

Outros ativistas presos nesta sexta-feira foram Rick Hui, representante de um bairro operário em Hong Kong, e Althea Suen, por ter participado da invasão do Parlamento num protesto em julho.

A ação policial desta sexta-feira foi denunciada por grupos de ativistas como estratégia do governo da China para sufocar a liderança do movimento, pouco antes das manifestações de grande porte marcadas para os próximos dias.

Issac Cheng, cofundador do partido Demosito juntamente com Wong, disse que as prisões são um sinal da disseminação de "terror branco" contra os manifestantes, um termo comumente utilizado para descrever os esforços chineses de fragmentar e enfraquecer o movimento.

A Anistia Internacional considerou grotesca a ação da polícia, que segundo afirma, empregou "táticas de medo diretamente tiradas do manual de Pequim", e definiu as prisões como "um revoltante assalto aos direitos de liberdade de expressão e de reunião pacífica".

Desde junho, houve mais de 850 prisões associadas às manifestações, o que não deteve o ímpeto dos ativistas, que intensificaram os protestos. A China respondeu ao aumento da violência entre policiais e manifestantes com uma campanha de intimidação, incluindo um vídeo que mostra o movimento de tropas rumo a Hong Kong como parte de uma "rotação de rotina das guarnições".

A imprensa estatal chinesa informou que soldados realizaram treinamentos de táticas antiprotestos em Shenzhen, cidade chinesa na divisa com Hong Kong, que ainda mantém status administrativo e econômico separado da China.

As passeatas na ex-colônia britânica e polo financeiro, iniciadas em 31 de março de 2019, eram inicialmente voltadas contra um projeto de lei de extradição anunciado pelo governo chinês. Mais tarde, ampliaram-se para um movimento pró-democracia, exigindo a deposição da chefe do Executivo local, Carrie Lam, e eleições plenamente democráticas.

RC/ap/dpa/rtr

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