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Lucros cada vez maiores

Werner Nording (ca)14 de junho de 2007

Falsificadores asiáticos se aproveitam da carência de pessoal no porto de Hamburgo para contrabandear produtos piratas. Empresas exigem legislação mais rígida.

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Maioria das imitações vem da ÁsiaFoto: AP

Não importa se são tênis ou peças de máquinas – sempre que vale a pena, copia-se ilegalmente. Estima-se que de 8% a 10% de todas as mercadorias vendidas na Europa são falsificadas. Mundialmente, segundo especialistas, esse índice chega a um terço de todos os produtos. Muitas das falsificações passam pelo porto de Hamburgo, que se transformou num eixo de conexão comercial entre a Ásia e os países do Leste Europeu.

Dez mil contêineres são carregados, diariamente, no porto de Hamburgo, e esse número aumenta a cada dia. Quanto maior o movimento, menores as chances de os contrabandistas serem descobertos. O estímulo para correr o risco vem dos imensos lucros oriundos da venda de mercadorias falsificadas. Somente 1% do preço final de um produto é gasto pelas indústrias falsificadoras chinesas para a produção do plágio. Tênis de marcas famosas, que na Alemanha não custam menos de 120 euros, custam aos falsificadores talvez 2 dólares.

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Plágios são destruídos por agentes alfandegáriosFoto: AP

Devido à sua imensa lucratividade, a pirataria de produtos já é há muito tempo feita pelo crime organizado. No ano passado, agentes alfandegários apreenderam numa blitz em Hamburgo mais de cem contêineres com relógios, artigos esportivos e calçados falsificados – uma única trupe de falsários seria responsável pela comercialização desses produtos. Se o contrabando não tivesse sido descoberto, a venda das mercadorias teria rendido 380 milhões de euros.

Legislação mais rigorosa

Apenas uma legislação mais rigorosa pode fazer frente à logística e ao poder financeiro desses impérios de falsificadores, afirma Sven Holding, responsável pela proteção da marca do fabricante de artigos esportivos Nike na Alemanha, Áustria e Suíça. "A pirataria de produtos é um negócio muito lucrativo. É bem mais lucrativo do que o tráfico humano, de drogas ou de armas, além de ser rigidamente organizado. Por isso, as penas devem ser mais claras e rígidas", afirma Holding.

Produktpiraterie aus China Firma Hengst Ölfilter
Produtos pirata da ChinaFoto: picture-alliance / dpa/dpaweb

O secretário da alfândega Oliver Christ afirma que os piratas são também totalmente inescrupulosos em relação à segurança dos produtos. Ele já apreendeu material cirúrgico que não estava esterilizado e remédios falsificados para pressão alta que poderiam provocar risco de vida. Além disso, Christ afirma ter apreendido vários benjamins sem proteção contra sobrevoltagem, facilmente inflamáveis.

Há pouco, caiu-lhe em mãos uma guarnição de freio produzida a partir de estrume de vaca – a capacidade de freio seria igual a zero. Quanto à moda, entre as marcas preferidas pelos falsificadores estão Louis Vuitton, Gucci, Nike e Adidas, explica o secretário.

"A patente da Philips para tocadores de MP3 e gravadores de CD também é freqüentemente falsificada. Nesse caso, os direitos não são respeitados e a empresa não recebe as taxas referentes ao uso da patente", afirma Christ.

Provas aleatórias

O porto de Hamburgo é o mais importante terminal para o comércio de mercadorias entre a Europa e regiões emergentes como a Ásia e a o Leste Europeu. A alfândega sabe que nos contêineres é contrabandeado tudo o que é bom e caro. De óculos Ray-Ban a tailleurs Chanel, passando por carros da Ferrari. Ainda assim, os agentes alfandegários podem apenas fazer provas por amostragem. Não há funcionários em número suficiente para controlar todos os contêineres.

A maioria dos contêineres não pode ser controlada pela alfândega, explica Horst Kallenbach, presidente do Departamento Regional de Finanças de Hamburgo. "Isso é impossível com a capacidade de pessoal de que dispomos e devido à quantidade de contêineres que desembarcam anualmente no porto."

Plagiat
Somete 5 a 10% das mercadorias são controladasFoto: BilderBox

A alfândega se concentra numa análise aleatória. "Num dia, podem ser algumas provas com raio-x; no outro, podemos nos concentrar numa determinada mercadoria. Além disso, sabe-se que Hamburgo é o principal porto de entrada de produtos asiáticos na Alemanha, senão na Europa, e é justamente da Ásia que vêm as imitações. Navios vindos de lá recebem uma atenção especial", afirma Kallenbach.

Ponta do iceberg

Após a apreensão de cerca de 1 milhão de pares de tênis, as falsificações foram destruídas publicamente. Um sucesso, na opinião de Petra Lotzin, funcionária da alfândega, mas apenas parcial.

"Diz-se que a alfândega, no porto de Hamburgo, controla somente 5% das mercadorias. Talvez seja um pouco mais, mas acredito que, no momento, podemos controlar de 5% a 10%. Isso é somente a ponta do iceberg", explica a funcionária.