Lufthansa cresce na crise
4 de dezembro de 2008A Lufthansa está tirando proveito da crise econômica mundial. Enquanto outras companhias aéreas enfrentam os efeitos da alta do petróleo e da queda nas vendas de passagens, a principal empresa alemã do setor está em pleno processo de aquisição de concorrentes.
Com a iminente incorporação da Austrian Airlines (AUA), aprovada nesta quarta-feira (04/12) pelo conselho de administração da Lufthansa, a empresa alemã poderá ampliar a sua oferta de vôos principalmente para o Leste Europeu e fortalecer sua posição como uma das maiores do mundo.
Em jogo está também a liderança no mercado europeu. Com a incorporação da AUA e as planejadas participações majoritárias na britânica BMI e na belga Brussels Airlines, o faturamento anual da Lufthansa chegará a 27 bilhões de euros. A atual líder, a franco-holandesa Air France-KLM, tem faturamento de 24 bilhões de euros por ano.
Swiss e Alitalia
É a segunda vez que a Lufthansa compra uma companhia deficitária. A primeira foi a suíça Swiss, em 2005, o que significou a ampliação do leque de vôos para a África, partindo de Zurique. "A AUA é companhia problemática. A Lufthansa estará incorporando uma fonte de prejuízos", disse o analista Jürgen Pieper, do banco Bankhaus Metzler.
A companhia austríaca acumula dívidas de 900 milhões de euros. Por isso a Lufthansa exige uma participação financeira do Estado austríaco na reestruturação da AUA antes de concretizar o negócio.
Também não faltam especulações sobre uma possível participação da Lufthansa na nova Alitalia. Mas o fato é que a companhia aérea alemã já colocou suas asas no mercado italiano. No norte, a subsidiária Air Dolomiti opera principalmente no transporte de passageiros para os aeroportos de Zurique, Munique e Frankfurt.
Além disso, no próximo ano a Lufthansa Italia começará a voar a partir de Milão para outras cidades européias. Com isso, a Lufthansa pode se tornar uma concorrente da nova Alitalia, mesmo que esta se una à Air France-KLM.
Restarão três
Para muitos analistas, as crescentes fusões de companhias aéreas na Europa são um processo irreversível. Companhias pequenas, como a Swiss e a Austrian Airlines, não têm chances num mercado que sofre com a alta do petróleo, a crise financeira e a queda no tráfego de passageiros.
A Lufthansa não é a única a se fortalecer. A British Airways busca uma fusão com a espanhola Iberia e a australiana Qantas. A Air France-KLM briga com a Lufthansa por uma participação na nova Alitalia e a escandinava SAS também está à procura de um parceiro.
Para o presidente da Air France-KLM, Jean-Cyril Spinetta, após uma rápida fase de concentração restarão apenas três grupos no mercado. Elas reunirão diversas companhias. "A Air France-KLM será um dos pilares desse processo de consolidação", assegurou.