Giro de Lula
13 de maio de 2010Com uma visita de dois dias à Rússia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa nesta quinta-feira (13/05) seu giro por cinco países da Europa e Oriente Médio – Rússia, Catar, Irã, Espanha e Portugal.
Na Rússia, sua primeira estação, Lula pretende fomentar relações estratégicas, econômicas e tecnológicas com Moscou. Nesta sexta-feira, o presidente brasileiro se encontra com seu homólogo russo, Dimitri Medvedev, e com o primeiro-ministro Vladimir Putin.
Segundo a agência de notícias Lusa, Medvedev e Lula examinarão a possibilidade de usar moedas nacionais para as trocas comerciais bilaterais, discutirão a participação do Brasil no desenvolvimento do sistema russo de navegação por satélite e abordarão alguns assuntos internacionais, como a reforma da ONU, o combate à crise financeira e a coordenação de ações conjuntas no âmbito das organizações internacionais.
Brasil e Turquia
Os dois presidentes também irão discutir o programa nuclear iraniano, à luz das novas propostas feitas por Brasil e Turquia para resolver o problema. O presidente russo, Dimitri Medvedev, disse na quarta-feira que a proposta de troca de combustível com o Irã, apresentada por Brasil e Turquia, seria uma possível forma de resolver o impasse sobre o programa nuclear da República Islâmica.
Ainda na sexta-feira, Lula parte para Doha, no Catar, onde será recebido pelo emir Hamad bin Khalifa Al Thani. No final de semana, Lula inicia a parte mais controversa de sua viagem. Ele participará, juntamente com o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, de uma cúpula trilateral com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.
Terceira opção
Brasil e Turquia, membros temporários do Conselho de Segurança das Nações Unidas, estão tentando resgatar a proposta de troca de combustível nuclear, apoiada pela ONU, na tentativa de impedir novas sanções contra o Irã.
O plano proposto em outubro passado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) previa que o Irã enviaria à Rússia seu urânio de baixo enriquecimento para ser processado em um nível mais alto, enviando-o posteriormente à França para ser transformado em combustível de uso em reatores civis.
Teerã insiste que essa troca deve ser processada em solo iraniano, possibilidade recusada pelas potências mundiais. Espera-se agora que Lula e Erdogan convençam Teerã a uma terceira opção: fazer a troca em solo turco, vizinho ao Irã, comentam alguns analistas.
Considera-se que um acordo não poria fim à disputa em torno do desenvolvimento do programa nuclear iraniano, mas seria um primeiro passo para desbloquear as conversações com Teerã sobre o tema.
Reações na Europa
A insistência do governo brasileiro em procurar uma saída pacífica para a crise, evitando a imposição de novas sanções contra o Irã – defendida pelos EUA e países aliados – provocou reações na Europa.
No último fim de semana, o ministro do Exterior francês, Bernard Kouchner, expressou o temor de que o mandatário brasileiro seja "enganado" durante sua visita ao Irã: "Tenho medo de que digam a Lula coisas que não correspondam à verdade".
Em nota, o Palácio do Eliseu anunciou nesta quarta-feira que há poucos dias o presidente francês, Nicolas Sarkozy, conversou ao telefone com Lula sobre a visita do presidente brasileiro ao Irã.
"O presidente da República [Sarkozy] assegurou ao presidente Lula o total apoio da França aos esforços empreendidos pelo Brasil para convencer as autoridades iranianas a atender plenamente às exigências da comunidade internacional sobre a questão nuclear", ressaltou o comunicado.
Cúpulas em Madri e Lisboa
Após a visita ao Irã, Lula segue ainda na segunda-feira para Madri, onde irá participar da 6ª Cúpula da União Europeia, América Latina e Caribe, como também da conferência União Europeia-Mercosul.
A viagem de Lula irá se encerrar em Lisboa, onde o presidente brasileiro irá participar da 10ª Cúpula Luso-Brasileira, antes de retornar ao Brasil ainda na quarta-feira (19/05).
A Cúpula Luso-Brasileira dará ênfase à cooperação nas áreas de ciência, tecnologia e inovação e de energias renováveis. A projeção da língua portuguesa no mundo merecerá destaque especial, da mesma forma que a cooperação com países africanos, principalmente no setor de energia.
CA/lusa/dpa/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer