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Luzes, câmera, canção: Alemanha busca um novo ídolo

Marion Andrea Strüssmann1 de março de 2003

A mais recente atração da TV alemã é um show de calouros que está no ar desde novembro. Quinze milhões de telespectadores não perdem as eliminatórias.

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Os finalistas Daniel, Juliette e Alexander com o produtor Dieter BohlenFoto: AP

Big Brohter definitivamente já era. A moda agora é Deutschland sucht den Superstar (Alemanha procura uma super estrela), uma versão mais moderna do conteinêr onde os participantes ficavam isolados, disputando com todas as armas emocionais a simpatia do público apenas para chegar lá, na final.

Chegar lá é o que almejam também os agora três finalistas do show que exige dos candidatos o dom de saber cantar. Bem, pelo menos esta era a proposta oficial, realizar um concurso para contemplar a Alemanha com um novo astro da canção. Desde novembro, entretanto, quando o primeiro "capítulo" foi ao ar, muita coisa mudou. Compreensível, pois, como qualquer novela, é preciso se adaptar ao gosto popular, afinal o índice de audiência é a alma do negócio. E que negócio!

Deutschland sucht den Superstar,

também conhecido pela sigla DSDS, é um show do superlativo: na fase de seleção, mais de 10 mil pessoas se inscreveram, convencidas de que seu talento precisava ser descoberto. Cem jovens conseguiram chegar à fase seguinte e somente 30 garantiram uma vaga na estréia do programa.

A fórmula do show não tem mistério. Os participantes ensaiam durante uma semana a canção que irão defender na noite de sábado. Dois apresentadores comandam o espetáculo que tem um júri fixo, no melhor estilo Chacrinha. Os "especialistas" em música adoram, por exemplo, fazer críticas maldosas, questionar o visual, enfim, testar o equilíbrio emocional dos concorrentes.

Marqueteiro da pesada

Dieter Bohlen
Dieter BohlenFoto: AP

Um dos grandes responsáveis pelo sucesso do DSDS é o fenômeno da multimídia, Dieter Bohlen, um quarentão com pinta de galã que tem o dom de estar sempre em evidência, seja por escândalos amorosos, biografia fofoqueira ou por sua atuação como vocalista do Modern Talking. Ele é o produtor, um dos jurados e - holofotes, por favor, - o comentarista do show. Com frases do tipo "você não canta nada", "você não tem o menor talento", "você é tudo aquilo de que nós não precisamos", Bohlen comanda o espetáculo e garante audiência.

Deutschland sucht den Superstar
Candidatos cantam "We have a Dream"Foto: AP

Em uma tacada de mestre, ele gravou com dez finalistas uma balada, We Have a Dream, que ficou semanas no topo da parada de sucessos da Alemanha e já vendeu quase um milhão de cópias. Bohlen recebe, de quebra, 90 centavos de direito autoral cada vez que a canção é executada.

Faniquito dá ibope

O DSDS difere do programa convencional de calouros em dois aspectos: os candidatos ficam isolados até serem desclassificados, e é o público que tem a palavra final sobre quem fica e quem vai embora. Após a apresentação, os telespectadores ligam dando seu voto. Quem receber menos, cai fora. Este é outro ponto alto do espetáculo: a reação do perdedor, a comoção dos concorrentes, nessa hora um chilique é sempre bem-vindo. E ele sempre acontece.

Isolados do mundo

Alexander Klaws Deutschland sucht den Superstar
Alexander KlawsFoto: AP

No sábado, dia 1º de março, acontece a semifinal do DSDS, reduzido a três candidatos: Alexander Klaus, 19 anos, jeito de garoto comportado e genro ideal; Juliette Schopmann, 22 anos, a bonita perfeitinha que a nação ainda gostaria de saber se implantou ou não silicone nos seios; e Daniel Küblböck, 17 anos, o garoto maluquinho.

Juliette Schoppmann Deutschland sucht den Superstar
Juliette SchoppmannFoto: AP

Desde novembro eles estão isolados em uma mansão nas proximidades de Colônia de onde só saem para compromissos de divulgação, sempre acompanhados por guarda-costas. Inúmeros fãs passam o dia no local tentando ver seus ídolos, que estão proibidos até de acenar da janela.

Mamãe, olha eu aqui!

O mais irreverente dos candidatos é Daniel Küblböck, que conseguiu até desbancar seu xará, o brasileiro Daniel Lopes, tido como um dos favoritos. Küblböck já lançou a moda de meias coloridas, adora improvisar no palco e vestir roupas nada convencionais.

Daniel Küblböck Deutschland sucht den Superstar
Daniel KüblböckFoto: AP

O pessoal curte a figurinha franzina que gesticula sem parar, bem-humorada, risonha e que gosta de criar polêmica em torno de sua sexualidade. Todos esses atributos fazem dele um sucesso. Recentemente esteve assinando o livro de ouro de sua cidade natal, um povoado no sul da Baviera, quando foi recebido como herói. Com tudo isso, quem liga para o fato de Daniel ter uma voz anasalada e esquisita?

Show bussiness

Os alemães adoram o show. Prova é o recorde de audiência que ultrapassa os 15 milhões de telespectadores, o que permite que a produção cobre a "bagatela" de quase 77 mil euros pela inserção de um comercial de 30 segundos. A tele-votação de 0,49 cents por chamada chega a render um milhão de euros.

Não há como ficar imune ao DSDS. A imprensa não cansa de falar sobre o concurso, até as emissoras concorrentes se curvaram ao sucesso e tiram sua "casquinha" falando sobre o programa, contando fofocas ou entrevistando os candidatos.

Apesar de todo o euforismo, sempre há os críticos de plantão. A principal acusação contra o DSDS diz respeito à honestidade do programa, pois a porcentagem de votos nunca é divulgada. Os organizadores afirmam que revelar esses dados comprometeria as futuras eliminatórias. Os céticos garantem que é um jogo de cartas marcadas.

"O programa Superstar é ideal para mim", resume Daniel Küblböck, que, como os demais candidatos, não está nem aí para as críticas. A fama, essa sim, é o que interessa. E independente do resultado final, eles já chegaram lá.