Líderes africanos que se perpetuam no poder
Para muitos líderes africanos, dois mandatos no poder não são suficientes. Por isso, muitos alteraram as constituições dos seus países. Parecem não se deixar intimidar pela queda de Blaise Compaoré no Burkina Faso.
Robert Mugabe - Zimbabué
Robert Mugabe, com 90 anos, é considerado o mais antigo chefe de Estado de África. Mugabe foi eleito primeiro-ministro em 1980 e sete anos mais tarde tornou-se Presidente. Inicialmente era visto como um combatente da liberdade, mas, entretanto, o seu regime conduziu o país a uma crise alimentar e financeira. No ano passado, Mugabe mudou a Constituição para poder governar até completar 97 anos.
Teodoro Obiang - Guiné Equatorial
Nenhum chefe de Estado africano governa há mais tempo do que ele. O líder de 72 anos assumiu o poder no país rico em petróleo em 1979. Obiang mudou a Constituição da Guiné Equatorial pelo menos três vezes: em 1982, em 1991 e mais recentemente em 2011 através de um referendo. Embora não tenha alterado o limite de dois mandatos presidenciais de sete anos, removeu o limite de idade de 75 anos.
José Eduardo dos Santos - Angola
O Presidente angolano governa há 35 anos. Assumiu o poder após a morte do primeiro Presidente do país, Agostinho Neto. A nova Constituição angolana, alterada em 2010, estipula que o líder do partido que vence as legislativas torna-se automaticamente Presidente da República. Por isso, José Eduardo dos Santos, de 72 anos, líder do MPLA, pode permanecer no poder por muitos mais anos.
Paul Biya - Camarões
Paul Biya governa este país no centro-oeste de África desde 1982. A anterior Constituição do país teria impedido que concorresse à reeleição. Em 2008, o Presidente mudou as leis e removeu todas as restrições aos limites de mandato, apesar dos protestos maciços da população. A sua reeleição em 2011 não foi uma surpresa. A oposição e os críticos de Paul Biya acusam-no de fraude eleitoral.
Yoweri Museveni - Uganda
Yoweri Museveni chegou ao poder em 1986, pondo fim à ditadura de Iddi Amin no Uganda. Mas depois de governar o país do leste africano durante 28 anos e de várias alterações constitucionais, Museveni passou a ser visto como um ditador. Em 2005, pôs fim aos limites de mandato, embora ele próprio tenha um dia declarado que “nenhum chefe de Estado africano deve ficar no poder mais de dez anos.”
Mswati III - Suazilândia
Mswati III chegou ao poder sem alterações constitucionais simplesmente porque a Suazilândia não tem uma Constituição. Mswati III é o último rei absoluto de África. Em 1986, quanto tinha 18 anos, assumiu o trono após a morte do pai, o rei Sobhuza II. Desde então tem governado o país por decreto e recusa qualquer forma de democracia. A Suazilândia continua a ser um dos países mais pobres do mundo.
Idriss Deby - Chade
Nascido em 1952, Idriss Deby Itno começou a sua carreira como membro de um grupo rebelde. Em 1990, derrubou o governo do seu ex-companheiro Hissène Habré. Em 1991, foi nomeado Presidente do Chade. Alterou a Constituição em 2004 para poder permanecer no cargo. Os rebeldes tentaram em vão derrubar o seu Governo em 2006 e 2008. Idriss Deby Itno foi reeleito para o quarto mandato em 2011.
Joseph Kabila - República Democrática do Congo
Em comparação com os seus colegas africanos, Joseph Kabila, de 43 anos, ainda é um jovem chefe de Estado e não ocupa o cargo há tanto tempo. Assumiu a presidência da República Democrática do Congo em 2001, após o assassinato do seu pai, o Presidente Laurent Kabila. Joseph Kabila foi eleito pela primeira vez em 2006. Entretanto, já propôs uma revisão da Constituição para poder continuar no poder.