UE discute cessar-fogo e sanções, no 15º dia da guerra
11 de março de 2022O primeiro dia da cúpula dos líderes da União Europeia (UE) nesta quinta-feira (10/03) em Versalhes, na França, foi marcado por discussões em torno de um cessar-fogo na Ucrânia, além de uma proposta para proibir a importação de petróleo e gás da Rússia.
Polônia, Letônia e Lituânia defenderam a proibição das importações como uma ferramenta para pressionar a Rússia a negociar com o Ocidente.
"Estou convencido que devemos tomar a decisão de cessar a importação de energia da Rússia para pressionar o presidente Vladimir Putin a sentar à mesa de negociações, para pôr fim à guerra", disse o primeiro-ministro letão, Arturs Krisjānis Kariņs.
Mas quaisquer medidas voltadas a um embargo devem enfrentar resistência de Alemanha, Áustria e Hungria, que importam grandes quantidades de petróleo e gás russo. No início da semana, o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, se opôs veementemente à proposta.
Antes da cúpula, Scholz e o presidente da França, Emmanuel Macron, conversaram com Putin por telefone. O líder francês disse que as condições propostas pelos europeus para um cessar-fogo foram consideradas inaceitáveis por Putin.
Os líderes europeus afastaram a possibilidade de acelerar o processo de adesão da Ucrânia ao bloco. A UE se mantem unida no apoio à resistência ucraniana à invasão russa, com a adoção de pesadas sanções econômicas contra Moscou, mas não há consenso sobre a entrada de Kiev no bloco.
Novas sanções contra a Rússia também estão na agenda do encontro, incluindo a remoção de todas as instituições bancárias russas do sistema global de transações financeiras Swift. As discussões em Versalhes, nesta quinta-feira, se estenderam até a madrugada.
Conselho de Segurança da ONU se reunirá a pedido da Rússia
A ONU informou que o Conselho de Segurança da entidade se reunirá nesta sexta-feira para discutir a denúncia, apresentada pelo Ministério russo da Defesa, de que a Ucrânia estaria desenvolvendo armas químicas e biológicas em seu território, com a ajuda dos Estados Unidos.
Até o momento, porém, Moscou não apresentou nenhuma prova a esse respeito. Washington qualificou a acusação como "absurda", e disse se tratar de um pretexto dos russos para encobrirem sua própria intenção de utilizar esse tipo de armamento em sua invasão à Ucrânia.
Zelenski diz que 100 mil civis deixaram zonas de conflito
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que 100 mil pessoas deixaram zonas de conflito e cidades sitiadas, em dois dias de funcionamento dos corredores humanitários. Somente nesta quinta-feira, 40 mil civis foram evacuados.
Zelenski, porém, acusou a Rússia de bombardear uma rota de fuga próxima a Maruipol. Em mensagem de vídeo, ele disse que ordenou o envio de um comboio de caminhões com ajuda humanitária para a cidade portuária, onde a população sofre uma grave escassez de alimentos, água, medicamentos e outros recursos.
Mas, segundo o presidente, "os invasores lançaram um ataque exatamente no local onde deveria estar o corredor humanitário". Ele descreveu a ação como um "ato de terror". "Lidamos com um Estado terrorista", criticou.
Cruz Vermelha relata desespero da população em Mariupol
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha alertou para o desespero da população em Maruipol, em meio a escassez de água, alimentos, medicamentos e eletricidade.
"Muitos não têm água para beber. Todas as lojas e farmácias foram saqueadas há quatro ou cinco dias", afirmou, em mensagens de áudio, o representante da Cruz Vermelha na cidade, Sasha Volkov.
"As pessoas começaram a atacar umas às outras por comida. Elas danificam carros de outras pessoas para retirar gasolina", relatou. "Alguns têm comida, mas não sei quanto tempo vai durar. Muitos relataram não ter comida para as crianças."
Agências de ajuda humanitária afirmam que a situação na cidade é "apocalíptica", em meio aos bombardeios russos que deixaram a cidade sem energia elétrica ou aquecimento. Tentativas de evacuar a população civil fracassaram, com Moscou e Kiev se acusando mutuamente de violações.
Volkov descreveu cenas terríveis, onde os civis lutam para conseguir se aquecer enquanto buscam abrigo dos bombardeios russos. "Pessoas estão adoecendo em razão do frio", contou.
Apesar da onda de condenações gerada pelo bombardeio a um hospital infantil e maternidade, forças russas deram sequência aos ataques à cidade. Moscou afirmou que o edifício abrigava combatentes nacionalistas ucranianos e disse que o ataque foi uma "provocação encenada" para fomentar sentimentos anti-Rússia. (AFP)
Vice-primeira-ministra da Ucrânia apela por ajuda a Mariupol
A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, fez um apelo dramático nesta quinta-feira à comunidade internacional para que intercedam pela cidade portuária de Mariupol, cercada por tropas russas há dias.
"Ajude Mariupol! Há uma verdadeira catástrofe humanitária lá", disse, em uma mensagem de vídeo.
Por mais um dia, nenhuma ajuda pôde ser transportada para a cidade. "Nem água, nem remédios, nem comida chegaram às pessoas que estão sob fogo por vários dias seguidos", disse Vereshchuk.
Na região de Donetsk, o corredor de fuga de Wolnowacha para Pokrovsk também falhou.
Por outro lado, corredores humanitários foram estabelecidos com sucesso em outras cidades.
"Nos últimos dois dias, trouxemos mais de 60.000 pessoas das cidades de Sumy, Trostianets e Krasnopillya para Poltava", disse, ressaltando que entre as pessoas estavam mulheres, crianças, deficientes e idosos.
Reino Unido congela ativos de Roman Abramovich, dono do Chelsea
O governo do Reino Unido anunciou nesta quinta-feira que congelou todos os ativos do oligarca russo Roman Abramovich, que é dono do Chelsea, atual campeão mundial, pela "estreita relação" mantida com o regime de Moscou, liderado por Vladmir Putin, "durante décadas".
Downing Street publicou uma lista com sete oligarcas sancionados, pelos vínculos com o Executivo da Rússia, como resposta à invasão na Ucrânia.
Abramovich também está proibido de viajar ao Reino Unido. O magnata comprou o Chelsea em 2003 por cerca de 100 milhões de euros (R$ 553,12 milhões, em valores atuais). Desde então, o clube se tornou um dos mais vencedores da Europa, com 18 títulos, incluindo duas Ligas dos Campeões e um Mundial de Clubes, conquistado neste ano.
Dias depois do início da invasão à Ucrânia, o oligarca russo anunciou que estava colocando o clube londrino à venda.
Kamala Harris pede investigação de crimes de guerra
A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, disse nesta quinta-feira que deveria haver uma investigação internacional de crimes de guerra da Rússia na Ucrânia.
Em visita à capital polonesa, Varsóvia, Harris expressou indignação com o bombardeio de um hospital infantil e maternidade nesta quarta-feira em Mariupol, com cenas de mulheres grávidas ensanguentadas sendo retiradas do local.
Ao lado de Harris, o presidente polonês, Andrzej Duda, disse que é obvio que os russos "estão cometendo crimes de guerra na Ucrânia".
"Há mulheres grávidas, há crianças, se você mata pessoas comuns, você joga bombas, mísseis, em conjuntos habitacionais, isso é uma barbárie com características de genocídio", acrescentou Duda.
Harris também elogiou o povo polonês por acolher centenas de milhares de refugiados desde que a Rússia invadiu a Ucrânia há duas semanas.
"Eu tenho assistido e lido sobre o trabalho de pessoas comuns fazendo coisas extraordinárias, e por isso trago a vocês o agradecimentos do povo americano", disse ela.
Harris afirmou que os EUA estão preparados para defender cada centímetro do território da Otan, entre eles a Polônia.
Rússia proíbe certas exportações após sanções ocidentais
A Rússia proibiu a exportação de mais de 200 tipos de produtos e equipamentos até o final do ano.
"A lista inclui equipamentos tecnológicos, de comunicação e médicos, veículos, máquinas agrícolas e equipamentos elétricos, mais de 200 tipos de bens no total", informa uma ordem assinada pelo primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin.
Os países da União Econômica da Eurásia não serão afetados pela proibição de exportação. Separadamente, o governo também proibiu a exportação de produtos florestais e de madeira para países que impuseram sanções a Moscou. No total, 48 países são afetados, incluindo os Estados-menbros da União Europeia e os Estados Unidos.
Quase 100 mil refugiados na Alemanha
As autoridades alemãs informaram que já registraram quase 100.000 refugiados vindos da Ucrânia desde o começo da invasão russa. Segundo dados da Polícia Federal, 95.913 pessoas já foram identificadas, disse um porta-voz do Ministério do Interior em Berlim.
"Mas, como não há controles fixos nas fronteiras internas, o número de refugiados de guerra que entraram na Alemanha pode ser significativamente maior", alertou.
Rússia pede devolução de obras de arte
Dois museus em Milão, na Itália, informaram que vão devolver obras de arte emprestadas da Rússia. O Hermitage, com sede em São Petersburgo, pediu que fossem devolvidas, entre outras coisas, uma pintura de Ticiano que faz parte de uma exposição atual, disse Domenico Piraina, diretor do Palazzo Reale.
"Quando li a carta, fiquei triste, porque a cultura deveria ser protegida da guerra", explicou.
A Gallerie d'Italia diz que recebeu pedidos de três museus russos para devolver 23 de um total de 200 obras em exposição. O pedido será atendido.
Repatriados da Ucrânia chegam ao Brasil
Dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) pousaram nesta quinta-feira, por volta das 6h30, no Recife. O cargueiro KC-390 Millennium e o Embraer Legacy trouxeram 42 brasileiros, 20 ucranianos, cinco argentinos e um colombiano, entre eles, 14 crianças. Também foram trazidos oito cachorros e dois gatos.
À tarde, eles deveriam chegar a Brasília, onde seriam recebidos pelo presidente Jair Bolsonaro. Após deixar Varsóvia, na Polônia, na quarta-feira, os aviões fizeram escalas em Lisboa (Portugal) e na Ilha do Sal (Cabo Verde).
No voo de ida do KC-390, foram transportadas 11,6 toneladas de doações para a Ucrânia, que incluem cerca de 9 toneladas de alimentos desidratados de alto teor nutritivo, o equivalente a cerca de 360 mil refeições, 50 purificadores de água, com capacidade de por volta de 300 mil litros de água por dia, e meia tonelada de insumos essenciais e itens médicos.
Na volta, o KC-390 trouxe a maioria dos passageiros. Já no Legacy, por se tratar de uma aeronave mais confortável, vieram uma grávida e duas famílias com crianças de colo.
De Brasília, as pessoas poderiam seguir para seus destinos finais com passagens cedidas por companhias aéreas, mas, antes, passariam por procedimentos administrativos e sanitários necessários para entrada no país.
Prefeito diz que metade dos moradores de Kiev já deixou a cidade
Segundo o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, metade dos moradores da capital ucraniana, Kiev, fugiu desde o início da guerra.
"De acordo com nossas informações, um em cada dois moradores de Kiev deixou a cidade", disse Klitschko à televisão ucraniana. "Cada rua, cada prédio, cada posto de controle foi reforçado. Kiev agora é como uma fortaleza", completou Klitschko.
Scholz e Macron exigem cessar-fogo em telefonema a Putin
Em um telefonema para o presidente russo, Vladimir Putin, o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, e o presidente francês, Emmanuel Macron, pediram um cessar-fogo imediato na Ucrânia.
Macron e Scholz também disseram a Putin nesta quinta-feira que qualquer resolução para a guerra na Ucrânia precisa passar por negociações entre Kiev e Moscou. (ots)
Reunião entre Lavrov e Kuleba termina sem avanços
A reunião entre os ministros do Exterior da Rússia, Sergei Lavrov, e da Ucrânia, Dmytro Kuleba, para negociar um cessar-fogo e outras questões humanitárias terminou nesta quinta-feira (10/03) sem avanços. Mediado pela Turquia, esse foi o primeiro encontro de alto escalão desde o início da ofensiva russa em 24 de fevereiro.
"Conversamos sobre um cessar-fogo de 24 horas, mas não houve progressos", lamentou Kuleba a jornalistas, após o encontro com Lavrov, em Antália."Parece que há outros tomadores de decisão para essa questão na Rússia", ressaltou, em referência ao Kremlin.
O ministro ucraniano disse ainda que desejava sair do encontro com um acordo sobre um corredor humanitário para a retirada de civis da cidade portuária de Mariupol, que está sitiada por tropas russas, mas, segundo ele, Lavrov não estaria em condições de aprovar determinado pacto, entretanto, se comprometeu a levar a questão ao Kremlin.
Mais de 1 milhão de crianças entre refugiados
Desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, mais de 1 milhão de crianças ucranianas fugiram para países vizinhos, informou nesta quinta-feira o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Segundo o órgão, a guerra já deixou ao menos 37 crianças mortas e outras 50 feridas.
A diretora-executiva do Unicef, Catherine Russell, afirmou ainda que as crianças ucranianas merecem "imediatamente" a paz. Ela também condenou o ataque a uma maternidade em Mauripol, que deixou três mortos, segundo autoridades ucranianas. O local foi bombardeado por russos na quarta-feira.
"Estou horrorizada. Crianças pequenas e mulheres dando à luz foram soterradas em meio a escombros", afirmou Russell. "Ataques a civis e a infraestrutura civil, como hospitais, escolas e sistemas de saneamento são imperdoáveis e devem cessar imediatamente", ressaltou.
Berlim vai pedir auxílio do exército para realocar refugiados
A prefeita de Berlim, Franziska Giffey, fará um pedido ao Ministério da Defesa da Alemanha para que a capital possa receber membros do Bundeswehr, o exército alemão, a fim de trabalhar na realocação de refugiados da guerra na Ucrânia.
Somente nos últimos três dias, cerca de 13 mil refugiados chegaram diariamente a Berlim.
Ministra alemã rechaça influência russa nos Bálcãs
Após dois dias de viagem pela região dos Bálcãs, a ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, destacou que a Europa não deve deixar essa área do continente sob influência de Moscou.
Ela afirmou que a "Rússia não tem interesse em um futuro europeu e nem medo de reacender conflitos não resolvidos", disse, reconhecendo, também, que a Europa negligenciou a região dos Bálcãs por muitos anos.
Rússia confirma que não participará do Conselho Europeu
Suspensa por Bruxelas desde 25 de fevereiro, um dia após o início da invasão à Ucrânia, a Rússia informou que não participará mais do Conselho da Europa.
Segundo informação divulgada pela agência estatal russa de notícias Tass, o Ministério das Relações Exteriores argumentou que a Otan e os países europeus estariam "debilitando" o órgão, destinado a defender direitos humanos e a democracia. (Reuters)
Ataques são registrados em várias cidades e regiões
Um relatório divulgado pelo governo ucraniano nesta quinta-feira apontou diversos ataques realizados por forças russas em diferentes cidades e regiões da Ucrânia.
Ataques foram registrados em Petrovsk, no norte do país; Izyum e Hrushuvakha, no leste; Sumy e Ochtyrka, no nordeste; e também em regiões próximas a Donetsk e Zaporíjia, no sudeste.
rc (AFP, AP, Reuters, dpa, EFE, ots)