México pede investigação sobre gás lacrimogêneo na fronteira
27 de novembro de 2018O Ministério das Relações Exteriores do México enviou nesta segunda-feira (26/11) uma carta diplomática ao governo dos Estados Unidos na qual pede uma investigação sobre o uso de gás lacrimogêneo contra migrantes na fronteira entre dois os países, no domingo passado.
No documento, o ministério expressou preocupação com fatos ocorridos naquele dia, quando autoridades americanas lançaram gás lacrimogêneo contra centenas de migrantes que violaram um cordão da polícia mexicana em Tijuana, com a intenção de cruzar a fronteira.
O Ministério do Exterior solicitou às autoridades americanas que realizem uma "investigação exaustiva" sobre o lançamento de "armas não letais" em direção ao território do México.
Ainda não está claro se a polícia de fronteira usou gás lacrimogêneo quando os migrantes ainda estavam em território mexicano, o que poderia caracterizar uma violação da soberania territorial do país latino-americano.
Mais de 40 migrantes foram detidos do lado americano da fronteira, e acredita-se que ninguém tenha conseguido avançar rumo ao interior da Califórnia, afirmaram autoridades dos EUA.
Na carta, o governo mexicano reiterou seu compromisso de "continuar sempre protegendo os direitos humanos e a segurança das pessoas migrantes". Ao mesmo tempo, destacou ser de interesse do país manter uma cooperação estreita com Washington para lidar com a migração.
O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, agradeceu a Polícia Federal de seu país pelo trabalho em Tijuana e defendeu uma "migração ordenada" dos milhares de centro-americanos que atravessam o México com destino aos EUA.
Por sua vez, o presidente americano, Donald Trump, pediu ao México, via Twitter, que envie de volta a seus países de origem os migrantes que tentam chegar ao território americano, "por avião, por ônibus, por qualquer maneira que vocês quiserem".
Trump também ameaçou fechar a fronteira permanentemente. No domingo, os EUA fecharam a passagem de fronteira de San Ysidro, no sul da Califórnia, por várias horas, para barrar as centenas que tentavam entrar nos EUA.
Em declarações à imprensa, o presidente dos EUA defendeu o uso de gás lacrimogêneo para dispersar os migrantes na fronteira e negou que o agente químico tenha sido usado contra crianças, como denunciaram organizações.
As forças de segurança tiveram que usá-lo diante da "avalanche" de pessoas que tentavam entrar nos EUA, disse. "O importante é que ninguém vai entrar no nosso país a não ser que entre legalmente", reiterou.
Após os incidentes do último domingo, o México anunciou que deportaria aqueles que tentaram atravessar ilegalmente a fronteira com os EUA em Tijuana. O Instituto Nacional de Migração afirmou nesta segunda-feira que 98 pessoas estavam sendo deportadas. Enquanto o governo mexicano diz que cerca de 500 pessoas tentaram violar a fronteira, autoridades americanas falam em mais de mil.
Após cruzarem o México numa caravana ao longo de semanas, ao menos 4.700 migrantes da América Central estão alojados num complexo esportivo de Tijuana – segundo o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS), o número chega a 7 mil migrantes.
A maioria vem de Honduras, El Salvador e Guatemala e busca refúgio nos EUA. Eles fogem da violência e da pobreza em seus países de origem. Devido ao afluxo de migrantes, o governo de Tijuana declarou crise humanitária e pediu ajuda ao governo federal.
O México vem negociando com os EUA um possível esquema para acolher os migrantes enquanto seus pedidos de refúgio são analisados nos EUA.
LPF/efe/rtr/ap
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