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PolíticaFrança

Macron abre dez pontos de vantagem sobre Le Pen na França

14 de abril de 2022

Pesquisa aponta que atual presidente francês é o favorito para vencer segundo turno. Mas vantagem sobre rival de extrema direita é menos confortável do que no duelo de 2017.

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Macron
Para Macron, que busca um segundo mandato, o duelo final é uma espécie de plebiscito sobre seus últimos cinco anos de governoFoto: Ludovic Marin/AFP

As mais recentes pesquisas de opinião na França apontam o atual presidente, Emmanuel Macron, com vantagem sobre a candidata de extrema direita Marine Le Pen. Segundo o Instituto Ipsos Sopra Steria, que divulgou os resultados de intenção de voto nesta quarta-feira (13/04), Macron estaria dez pontos à frente da rival: 55% a 45%.

Ainda que positiva para Macron, a liderança não é tão tranquila, uma vez que a pesquisa tem margem de erro de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Foram ouvidos quase 1.700 eleitores franceses. Segundo o instituto, a metodologia foi conceituada como "rolling poll" (sondagem móvel, em português), em que pouco mais de 500 eleitores participam das entrevistas por dia. O segundo turno será disputado no dia 24 de abril.

A vantagem de 10 pontos percentuais é maior do que a da vitória obtida no primeiro turno, no último domingo (10/04), quando Macron venceu Le Pen por 28% a 23%. No entanto, é menor se comparada à vitória na eleição de 2017. Na ocasião, o atual presidente derrotou Le Pen por 66% a 34% dos votos.

Outro levantamento, feito pelo Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop), indica números ainda mais próximos entre ambos: 53% a 47%.

Macron e Le Pen buscam agora os votos do esquerdista Jean-Luc Mélenchon, que terminou o primeiro turno em terceiro lugar, com 22%. De acordo com a pesquisa Ipsos, a tendência é de que 37% dos eleitores de Mélenchon votem em Macron, enquanto 18% devem optar por Le Pen. Outros 45% preferiram não se manifestar.

A pesquisa também aponta que quase 60% dos eleitores do ecologista Yannick Jadot (4,6% no primeiro turno) e 47% dos que optaram pela direitista Valérie Pécresse (4,8%) votariam em Macron. Dos franceses que votaram no ultradireitista Éric Zemmour (7,1%), mais de 80% devem votar em Le Pen, e somente 4%, em Macron.

Enquanto em 2017 quase 75% dos franceses aptos a votar foram às urnas, a pesquisa Ipsos informa que agora 73% dizem ter certeza de que irão votar. A abstenção foi um fator que chamou atenção no primeiro turno. Conforme dados do Ministério do Interior da França, mais de 25% dos eleitores não compareceram ao pleito, o segundo maior número em seis décadas e 11 eleições na França, atrás somente de 2002, quando 28% não votaram.

O gráfico mostra o resultado do primeiro turno da eleição presidencial na França, que ocorreu no domingo, dia 10 de abril. As fotos dos candidatos, à esquerda, aparecem com os seguintes resultados ao lado: o atual presidente, Emmanuel Macron, venceu com 27,6% dos votos, seguido de Marine Le Pen, 23,4%, Jean-Luc Mélenchon, 21,9%, Éric Zemmour, 7%, e Valérie Pécresse, 4,8%.

Rivais com visões políticas bem diferentes

A decisão dos franceses de levar Macron e Le Pen para o segundo turno repete o duelo do pleito de 2017, que marcou a ascensão meteórica de Macron para a Presidência francesa como o mais jovem da história a assumir o cargo.

A eleição também coloca frente a frente, mais uma vez, duas visões distintas sobre o futuro da França, a identidade do país e seu espaço e atuação na União Europeia (UE).

Para Macron, que busca um segundo mandato – algo que um presidente francês não consegue desde 2002 –, o duelo final será uma espécie de plebiscito sobre seus últimos cinco anos de governo e um teste para o centro político francês se apresentar mais uma vez como uma barreira contra a extrema direita.

Pró-europeu e reformista, Macron tem a vantagem de ter obtido bons números em relação ao crescimento econômico. Por outro lado, acumula críticas pela falta de medidas para conter a queda do poder aquisitivo dos franceses – tema que dominou a campanha e se aprofundou com os efeitos da guerra na Ucrânia, mas que remonta aos protestos dos "coletes amarelos" de 2018.

Para Marine Le Pen, o duelo do segundo turno deve ser o teste final da viabilidade de sua estratégia de "normalização", iniciada antes mesmo do pleito de 2017, em que deixou em segundo plano aspectos mais explícitos da sua agenda de extrema direita e focou mais em temas sociais – em alguns casos, apropriando-se de pautas de esquerda. Mas críticos observam que as mudanças são apenas cosméticas, e que o velho extremismo xenófobo e anti-UE de Le Pen e seu grupo permanece o mesmo.

gb (ots)