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Macron promete cortar imposto em reação a "coletes amarelos"

25 de abril de 2019

Presidente francês diz que, para corte, franceses precisarão trabalhar mais. Em coletiva, líder anuncia ainda redução de gastos públicos e reforma da Previdência. Propostas resultam de diálogos com sociedade civil.

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 Emmanuel Macron
Coletiva de Macron durou quase duas horasFoto: Reuters/P. Wojazer

Em resposta aos protestos dos "coletes amarelos", que sacudem a França nos últimos meses, o presidente francês, Emmanuel Macron, prometeu nesta quinta-feira (25/04) cortar impostos, reduzir o gasto público e realizar uma reforma da Previdência.

Perante integrantes do governo e centenas de jornalistas, Macron apresentou as conclusões do chamado Grande Debate – uma série de diálogos promovidos nos últimos três meses em várias cidades com a sociedade civil, em reação às  manifestações.

"Os coletes amarelos são um movimento inédito que mostrou a cólera e a impaciência para que as coisas mudem e que o povo francês continue a progredir num mundo incerto. Este movimento foi tomado pelos extremismos. Agora é o momento da ordem pública voltar", disse Macron, no início da coletiva, transmitida ao vivo.

Macron, que está lutando para se livrar do rótulo de "presidente dos ricos", afirmou que pretende realizar um corte significativo no imposto de renda, que seria em torno de 5 bilhões de euros. No entanto, ele defendeu a necessidade dos franceses "trabalharem mais" para compensar a queda na arrecadação.

"Precisamos trabalhar mais, como eu já havia dito antes. A França trabalha muito menos do que seus vizinhos. Precisamos de um debate sério sobre isso", destacou o líder, na coletiva que durou quase duas horas.

Apesar de oferecer poucos detalhes sobre suas propostas, Macron excluiu aumentar a jornada de trabalho semanal ou cortar feriados. Ele defendeu que os trabalhadores contribuam por mais tempo para a previdência, porém, disse ser contra aumentar a idade mínima da aposentadoria, que é atualmente de 62 anos.

O presidente afirmou ainda que o corte de impostos será financiado em parte com o fim de algumas isenções fiscais que beneficiam as empresas, além da redução do gasto público previsto por seu governo.

A respeito da previdência, a intenção de Macron é que o mínimo para as pensões contributivas fique acima dos 1.000 euros. O presidente disse que uma proposta de reforma no sistema de aposentadorias será apresentada pelo governo em breve, cujo foco será aumentar as pensões mais baixas que serão indexadas à inflação.

O presidente francês também enumerou outros objetivos para o resto do mandato, como uma reforma constitucional que permita uma descentralização "diferenciada", a redução do número de parlamentares e a introdução de uma porcentagem de proporcionalidade na Câmara Baixa.

Macron prometeu ainda descentralizar o governo, com mais poderes para os eleitos locais e a reorganização da função pública, promover referendos e evitar o fechamento de escolas ou hospitais. Segundo o presidente, as mudanças devem ocorrer dentro do próximo ano.

Macron se mostrou favorável ao fechamento Escola Nacional de Administração (ENA) – instituição de elite que forma o alto escalão do funcionalismo público do país e líderes empresariais  – e a uma reforma no processo de contratação de funcionários públicos do alto escalão. Essa é uma das medidas mais polêmicas de seu discurso.

As principais medidas anunciadas nesta quinta-feira já tinham sido vazadas pela imprensa francesa após o cancelamento do discurso televisionado no dia 15 de abril, devido ao incêndio na catedral de Notre Dame.

Os protestos dos coletes amarelos surgiram em meados de novembro, originalmente em protesto contra um aumento dos preços dos combustíveis e o crescente custo de vida. As manifestações logo se transformaram em um movimento mais amplo contra Macron e sua política de reformas econômicas.

CN/efe/rtr/lusa/afp

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