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PolíticaVenezuela

Maduro concede indulto a mais de cem opositores na Venezuela

1 de setembro de 2020

Lista inclui presos políticos e líderes oposicionistas asilados em embaixadas estrangeiras ou fora do país. Deputados beneficiados por decreto dizem que "perdão" é um "insulto", pois não cometeram crime algum.

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Nicolás Maduro
Maduro promoveu indulto como gesto de boa vontade para aumentar a participação nas eleições de dezembroFoto: Reuters/M. Quintero

O regime de Nicolás Maduro anunciou nesta segunda-feira (31/08) que perdoou mais de uma centena de pessoas, entre elas opositores políticos que estão na prisão, que se asilaram em embaixadas estrangeiras em Caracas ou que fugiram da Venezuela.

A lista dos que receberam indulto inclui dezenas de parlamentares e aliados do líder oposicionista Juan Guaidó, como o deputado Freddy Guevara, que pediu asilo no prédio da representação diplomática do Chile, e Roberto Marrero, que foi chefe de gabinete de Guaidó.

Contudo, a relação de indultados deixa de fora outros líderes importantes da oposição, como Leopoldo López, que também vive em uma embaixada estrangeira na capital venezuelana, e Julio Borges, um deputado oposicionista que está na vizinha Colômbia.

O anúncio foi feito pelo ministro das Comunicações do país, Jorge Rodríguez, que listou 110 pessoas perdoadas por meio de um decreto presidencial, embora os termos da anistia não estejam claros.

"A intenção do governo é aprofundar o processo de reconciliação para a unidade nacional, para que questões políticas sejam resolvidas por meios pacíficos e por meios eleitorais", afirmou.

O decreto vem quatro meses antes das eleições parlamentares na Venezuela, marcadas para 6 de dezembro. O governo venezuelano promoveu a série de indultos como um gesto de boa vontade para aumentar a participação no próximo pleito.

Porém, não ficou claro se os políticos perdoados serão libertados da prisão ou poderão deixar os prédios das embaixadas estrangeiras sem sofrer represálias.

Após o anúncio do decreto, vários deputados questionaram a legitimidade de Maduro para conceder esse tipo de medida, reiterando que os perdoados não cometeram crime algum. "Você [Maduro] não tem autoridade para perdoar ninguém", escreveu o primeiro-vice-presidente do Parlamento, Juan Pablo Guanipa, que integra o conselho liderado por Guaidó.

"Peça perdão a Deus pelos danos que causou e vá para o inferno", acrescentou o deputado, que tinha ao menos dois processos abertos pelo Ministério Público, um deles por participar de um fracassado levante militar contra Maduro no ano passado.

Freddy Superlano, outro aliado de Guaidó, também rejeitou o perdão, pois afirmou que os opositores não cometeram crimes, e acusou o regime de Maduro de perpetrar uma "perseguição política" contra a oposição. "[O indulto] pode ser revertido amanhã, pode ser revertido nas próximas horas, ditaduras agem assim", disse Superlano.

O deputado Américo de Grazia, que fugiu para a Itália e também recebeu perdão nesta segunda-feira, chamou o decreto de um "insulto".

"Nem Maduro é presidente, nem eu sou criminoso. Se você [Maduro] quer contribuir para a paz na Venezuela, perdoe o país da usurpação do poder, renuncie à ocupação factual da tragédia que subjugou nosso povo e talvez assim teremos algo para agradecer", escreveu no Twitter.

A oposição alega que a reeleição do líder venezuelano em 2018 foi fraudulenta e reconheceu Guaidó como o legítimo presidente da Venezuela. Mais de 50 países, incluindo Brasil e Estados Unidos, seguiram o exemplo.

EK/efe/ap/afp/rtr