1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Maduro diz estar disposto a negociar com oposição

13 de maio de 2021

Declaração é feita após líder oposicionista Juan Guaidó propor diálogo mediado por comunidade internacional. Noruega já estaria em contato com regime e oposição.

https://p.dw.com/p/3tLRj
Nicolás Maduro
Maduro fez declaração durante evento transmitido por emissora estatalFoto: Manaure Quintero/REUTERS

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta quarta-feira (12/05) que está disposto a se reunir com representantes da oposição num encontro mediado por governos internacionais. A declaração foi feita um dia após o líder oposicionista Juan Guaidó propor a negociação de acordo entre as "forças democráticas" e o regime.

Durante um ato governamental transmitido pela emissora de televisão estatal VTV, Maduro afirmou que concorda em participar de uma negociação medida pela União Europeia ou pelo governo da Noruega. "Quando eles quiserem, onde quiserem e como quiserem, eu estou pronto para me reunir com toda a oposição para ver o que sai disso", declarou.

Reconhecido em janeiro de 2019 como presidente interino da Venezuela pelos Estados Unidos e mais de 50 países, Guaidó não conseguir tirar Maduro do poder, que continuou a receber o apoio de Rússia, China e Cuba. Nesta terça-feira, o oposicionista voltou a propor o retorno das negociações, com estabelecimento de um cronograma para eleições e a possibilidade de revisão das sanções impostas à Venezuela.

Guaidó publicou nas redes sociais um vídeo em que disse buscar um grande acerto entre os atores políticos dentro da Venezuela. "Esse acordo precisa surgir através de um processo de negociação entre as forças democráticas legítimas, o regime e os poderes internacionais", destacou o líder oposicionista.

Proposta da oposição

No vídeo, Guaidó afirmou que o acordo deve incluir "a entrada maciça de ajuda humanitária e vacinas contra a covid-19, garantias para todos os atores das forças democráticas e também do 'chavismo', com mecanismos para a reinstitucionalização da Venezuela".

Ele pediu ainda a libertação de presos políticos, o regresso dos exiliados, o fim progressivo das sanções internacionais contra o país condicionado ao cumprimento de metas estabelecidas nas negociações, e um cronograma para a realização de eleições gerais "livres e justas".

A Venezuela deve realizar eleições regionais neste ano, mas ainda não está claro se a oposição pretende participar. Os opositores boicotaram o pleito legislativo do ano passado, afirmando que não havia garantias de que o processo seria democrático.

Depois de meses de recusa em participar de negociações, o governo parece ter voltado atrás. Maduro enxerga a investida dos opositores com bons olhos, mas voltou a acusá-los nesta quarta de tentar tirá-lo do cargo através de um golpe de Estado.

"Vamos ver se sai algo de bom disso. Eles abandonaram o caminho da guerra, da invasão, dos ataques, do golpe de Estado e vêm para o caminho eleitoral. Estamos esperando por eles aqui, no caminho eleitoral. A proposta foi aprovada", afirmou, que, no entanto, ironizou ao dizer que o ex-presidente do Parlamento venezuelano pode ter alguma carta na manga.

"Guaidó quer se sentar comigo. O que trará em suas mãos? Que armadilha trará? Será que lhe deram a ordem do Norte?", provocou, chamando o rival de "boi de piranha" dos Estados Unidos.

Mediação da Noruega

Nesta quarta, em entrevista coletiva conjunta, representantes da oposição reforçaram a possibilidade de contar com a Noruega como mediadora na negociação e confirmaram que representantes do país escandinavo visitaram a Venezuela em duas ocasiões neste ano.

A Noruega mediou o diálogo entre a oposição e Maduro que fracassou em 2019 e foram suspensos após os Estados Unidos intensificaram as sanções econômicas contra o país. Sem dar mais detalhes, o governo norueguês confirmou estar em contato com atores políticos e sociais venezuelanos.

A Venezuela enfrenta uma grave crise econômica, marcada por sete anos de recessão e quatro de hiperinflação. Os serviços públicos básicos estão em colapso e mais de 5 milhões de venezuelanos já deixaram o país em busca de melhores condições de vida.

cn (Efe, Lusa, Reuters, AFP)