Maduro promete aceitar resultados eleitorais
6 de dezembro de 2015Depois de ter dito que iria às ruas "para defender a revolução", o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, voltou atrás e reiterou na véspera das eleições legislativas que a cúpula chavista respeitará os resultados eleitorais "sejam eles quais forem".
"A revolução bolivariana respeitará os resultados eleitorais que emanam da vontade popular, sejam eles quais forem, de forma estrita e impecável. Vamos respeitar os resultados da vontade do povo", publicaram meios de comunicação venezuelanos citando falas de Maduro num comunicado da Agência de Notícias da Venezuela.
Em outra declaração, Maduro pediu aos venezuelanos para darem "um exemplo de paz e democracia" nas eleições deste domingo (06/12), das quais resultará um novo parlamento de 167 deputados. "Que o nosso povo se levante tranquilo, sorridente, orgulhoso de ser a pátria de Simón Bolívar (...) e que demos um exemplo à humanidade de paz e de civilismo, de participação, de democracia verdadeira", afirmou o presidente venezuelano.
Na Venezuela, a véspera das eleições parlamentares foi marcada por reuniões do presidente venezuelano com vários convidados internacionais do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e da Mesa da Unidade Democrática (MUD), a coalizão de partidos de opositores antichavistas.
Visitas internacionais para fiscalizar
No Palácio de Miraflores, Maduro dialogou com o ex-presidente da República Dominicana e chefe da missão de "acompanhantes" eleitorais da Unasul, Leonel Fernández, e outros membros da delegação.
Em seguida, Maduro conversou com o ex-primeiro-ministro da Espanha José Luis Rodríguez Zapatero. A reunião ostentou grandes expectativas, pois foi o primeiro encontro do chefe de Estado venezuelano com um político espanhol desde a morte de seu predecessor, Hugo Chávez, em 5 de março de 2013.
O encontro entre Zapatero e o líder chavista ocorreu em meio a tensões entre Espanha e Venezuela, depois de o ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel Garcia Margallo, ter afirmado que Madri demonstra "grande preocupação" com a situação na Venezuela e instou que Caracas aceite os resultados das urnas.
A este entrevero, antecederam-se uma série de desentendimentos entre os dois países desde quando o premiê espanhol, Mariano Rajoy, no final de 2014, recebeu na capital espanhola Lilian Tintoria, esposa do opositor Leopoldo López, preso desde fevereiro de 2014 por participar de protestos antigoverno.
Seguindo com os compromissos pré-eleitorais, Maduro recebeu seis ex-presidentes latino-americanos, todos convidados pela oposição para acompanhar de perto as eleições. No grupo estavam Andrés Pastrana (Colômbia), Jorge Quiroga (Bolívia), Mireya Moscoso (Panamá), Luis Alberto Lacalle (Uruguai), Laura Chinchilla e Miguel Ángel Rodríguez (Costa Rica).
"Creio que há duas ou três mensagens que são importantes: em primeiro, uma mensagem muito clara ao presidente Maduro de respeito aos resultados, e uma mensagem de tranquilidade ao povo venezuelano", disse Pastrana. "Dizemos duas coisas importantes ao presidente: que cada venezuelano tem o direito de votar e que cada voto de cada venezuelano seja contado."
Preso, líder oposicionista pode votar
Segundo o ex-presidente colombiano, Maduro concordou em deixar o líder da oposição, Leopoldo López, votar nas eleições. "Eles concordaram com isto e eu penso que é muito importante. Todos os meus colegas ex-presidentes insistiram", disse Pastrana aos jornalistas.
Líder do partido Vontade Popular, legenda que faz parte da coalizão da MUD, Leopoldo López foi condenado em 10 de setembro a quase 14 anos de prisão por instigação pública, associação criminosa, danos à propriedade e incêndio, na sequência da violência registrada no final de um protesto convocado por membros da oposição no início do ano passado.
A defesa de López argumentou que tem o direito de votar, uma vez que foi interposto um recurso da sentença, cuja decisão ainda não saiu.
PV/lusa/efe/ots