Maduro propõe antecipar eleições legislativas
21 de maio de 2019O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, propôs nesta segunda-feira (20/05) antecipar as eleições legislativas do país, previstas para 2020, como uma forma de solucionar pacificamente a crise política e o impasse com a oposição.
"Tenho uma proposta para as oposições: vamos nos enfrentar eleitoralmente. Vamos convocar eleições antecipadas da Assembleia Nacional para ver quem tem os votos, para ver quem ganha", disse o presidente durante um discurso. Maduro não anunciou, porém, uma data para o pleito.
A Assembleia Nacional é o único poder da Venezuela controlado pela oposição. Os críticos do chavismo conquistaram a maioria do parlamento em 2015, quando os aliados de Maduro sofreram uma grande derrota nas urnas. As próximas eleições legislativas estavam previstas para 2020.
No discurso, Maduro ainda afirmou que a Assembleia Nacional é "única instituição que não se legitimou nos últimos cinco anos", período no qual o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) organizou diversos pleitos questionados pelos críticos do governo e por parte da comunidade internacional.
A Assembleia Nacional é presidida por Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino da Venezuela e prometeu organizar eleições livres. O líder opositor foi reconhecido por mais de 50 países, incluindo Estados Unidos e Brasil.
Apesar de eleita em 2015, a Assembleia Nacional na prática não tem conseguido exercer suas funções desde 2016. As decisões dos parlamentares não chegam a virar lei, e eles só se reúnem quando a Assembleia Nacional Constituinte – órgão plenipotenciário instalado por Maduro em 2017 e não reconhecido por potências estrangeiras – não está em sessão.
Além das dificuldades impostas pelo chavismo, o funcionamento do parlamento também foi afetado nos últimos meses pelos vários processos contra os deputados opositores. Ao menos 30 deles estão sendo processados por diferentes crimes.
A crise política no país se agravou com a reeleição de Maduro no ano passado num pleito amplamente criticado. A maioria da oposição venezuelana não participou da eleição, por considerá-la fraudulenta ou porque seus principais líderes estavam presos ou impossibilitados de concorrer.
Em 23 de janeiro, Guaidó, de 35 anos, acusou Maduro de usurpar a presidência e se autodeclarou presidente, afirmando que a Assembleia Nacional se baseava na Constituição venezuelana para assumir o comando do país. Em 30 de abril, o líder opositor comandou uma tentativa frustrada de levante militar contra o chavista. Ele tem também promovido uma série de protestos contra o governo.
Maduro acusa Guaidó de tentar dar um golpe de Estado no país com a ajuda do governo dos Estados Unidos. O chavista ainda possuiu o apoio do alto escalão militar e tem como aliados a Rússia e a China.
A Venezuela enfrenta também uma grave crise econômica, marcada pela falta de alimentos e medicamentos, que já levou milhões de venezuelanos a deixarem o país.
CN/efe/rtr/lusa
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