Mais de cem alemães lutam junto a separatistas na Ucrânia
15 de março de 2015Mais de cem jovens alemães se juntaram às fileiras de combatentes rebeldes pró-Russia no leste ucraniano. A maioria é de origem russa e muitos são ex-soldados do Exército da Alemanha, publicou o jornal alemão Welt am Sonntag, neste domingo (15/03), citando fontes dos serviços de segurança do país.
A publicação afirma que alguns desses milicianos com passaporte alemão foram identificados. Um cidadão alemão já teria morrido em combate. Um alemão-cazaque de 33 anos teria morrido em 12 de fevereiro, em Debaltseve. Segundo amigos, ele foi morto por estilhaços de granada e, posteriormente, sepultado em Moscou, em 25 de fevereiro.
Ao contrário de alemães jihadistas que foram lutar ao lado de extremistas da organização terrorista "Estado Islâmico" (EI), na Síria, cidadãos alemães que participam do conflito na Ucrânia não precisam temer processos criminais quando retornarem à Alemanha. Mas isto pode mudar em breve.
"Quando alemães participam em tais conflitos, eles devem ser punidos por atividade terroristas", disse o especialista em assuntos internos da coalizão de governo da Alemanha, Stephan Meyer, ao Welt am Sonntag. Atualmente há muitos jovens alemães postando fotos com armas e uniformes, vangloriando-se na internet de suas participações no conflito ucraniano.
Na Letônia, por exemplo, soldados que lutam por tropas estrangeiras podem pegar até 10 anos de prisão. Segundo o semanário alemão, essa lei é válida para todos os letões que lutarem contra a soberania de um Estado reconhecido internacionalmente.
Enquanto isso, Kiev tem as suas próprias ressalvas em relação ao "turismo de guerra" vindo da Alemanha. O embaixador da Ucrânia em Berlim, Andrey Melnik, disse ao Welt am Sonntag que pediu ao governo alemão para garantir que cidadãos alemães "não se movam em direção a leste [Ucrânia] ou participem de assassinatos e mortes".
O Ministério do Interior da Alemanha afirmou que há evidências de casos isolados, mas que não havia pistas sobre suas motivações. "Caso haja qualquer dado sobre uma possível viagem de pessoas que pretendem participar do conflito na Ucrânia, a informação será usada para impedir ou dificultar a viagem", disse o ministério ao semanário.
O conflito no leste ucraniano registrou, até agora, ao menos seis mil mortes. Um cessar-fogo, assinado em fevereiro, tem se mostrado frágil.
PV/dpa/afp