Mais um passo pós-Kyoto
2 de dezembro de 2003Se a máxima estabelecida pelo Protocolo de Kyoto, criado em 1997, previa uma redução mundial da emissão de gases poluentes como medida de proteção ao meio ambiente, as perspectivas vistas hoje por especialistas não são as melhores.
O primeiro fracasso do Protocolo ocorreu com a decisão dos EUA - o maior emissor de gases do mundo - de não ratificar o documento. Hoje, ativistas nutrem a última esperança que poderá "salvar" o barco à deriva: a assinatura da Rússia, que pode ou não ocorrer.
Reunidos entre os dias 1º e 12 de dezembro em Milão, os enviados de mais de 180 países devem discutir em linhas gerais as formas de fazer com que o Protocolo, criado há seis anos no Japão, possa ser levado a cabo. Decisões concretas, no entanto, devem continuar no terreno das utopias.
A caminho da ainda distante reta final - que seria a redução da emissão dos gases causadores do efeito estufa em 5,2% até o ano de 2012, tomando como base os valores emitidos em 1990 - representantes da União Européia pretendem insistir nos propósitos defendidos até agora.
À espera de Moscou
"Estamos fazendo alguma coisa", apontam os especialistas enviados por Berlim a Milão, que continuam acreditando no "sim de Moscou" ao Protocolo, entretanto não antes de março próximo, data das eleições presidenciais no país. Enquanto aguarda a resposta russa, o governo alemão aposta na "precaução".
"Temos que fazer com que, neste século, a temperatura média não suba mais que dois graus. Com isso, poderemos evitar situações climáticas extremas. E esse é um objetivo difícil de ser alcançado", observa o ministro alemão do Meio Ambiente, Jürgen Trittin.
Oa especialistas alemães enviados a Milão vêem nesta 9ª Conferência do Clima um passo importante para fazer com que os países de todo o mundo voltem os olhos para as questões ambientais. Na primeira semana do encontro, serão discutidos detalhes técnicos que ficaram pendentes nas últimas conferências. Um grupo de trabalho sob a coordenação alemã deverá, por exemplo, esclarecer como as nações desenvolvidas poderão dar apoio a projetos de reflorestamento em países do Terceiro Mundo.
Energias renováveis como solução
Os ministros do Meio Ambiente do países participantes chegam a Milão na próxima semana. Alguns dos pontos a serem debatidos pelos titulares da pasta questionam, por exemplo, a eficácia das medidas previstas pelo Protocolo de Kyoto. Outra questão em debate deverá ser o desenvolvimento de tecnologias, que proporcionem menores danos ao meio ambiente.
"Se queremos ter uma segurança no abastecimento energético e não queremos continuar trazendo prejuízos para o meio ambiente, então precisamos fazer uso de um volume maior de energias renováveis", conclui Trittin. Através da opção por este tipo de energias, segundo o ministro alemão, os países em desenvolvimento poderão ao mesmo tempo proteger o meio ambiente, desenvolver-se economicamente e, dessa forma, adquirir meios de combate à pobreza.