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Marchas de Páscoa

23 de abril de 2011

Os protestos pacifistas acontecem na Alemanha desde os anos 1960. Pacifistas e críticos da energia nuclear estão nas ruas também em 2011.

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Marchas no Leste da AlemanhaFoto: picture alliance/dpa

Como já é tradição há mais de 50 anos, começaram neste sábado (23/04) na Alemanha as Marchas de Páscoa. Até segunda-feira (também feriado no país), prosseguem em diversas cidades as passeatas, cujos temas este ano são a crítica à energia nuclear e o fim dos conflitos armados.

A ideia da marcha de protesto a favor da paz e contra a energia nuclear durante a Páscoa nasceu no Reino Unido, onde a tradição remonta à década de 1950. Na Alemanha, elas têm origem numa declaração Konrad Adenauer, primeiro chefe de governo após a Segunda Guerra, que qualificou as armas nucleares de "mera evolução da artilharia".

Deutschland Aachen Friedenspreis Andreas Buro
Andreas Buro, veterano das manifestações de PáscoaFoto: picture-alliance/ dpa

Isso foi visto como afronta pelos pacifistas, que não aceitaram tal banalização. Eles organizaram então uma passeata contra armas nucleares, desde Hamburgo até Bergen-Hohne, no estado da Baixa Saxônia, onde na época estavam estacionados soldados norte-americanos e seu arsenal bélico.

Andreas Buro, hoje com 83 anos e portador do Prêmio da Paz de Aachen, participou da organização da primeira Marcha de Páscoa alemã, realizada em um dia frio e chuvoso. Mas o mau tempo não era o único obstáculo a ser vencido. Participar de uma Marcha de Páscoa no início dos anos 60 exigia também muita coragem para defender a própria opinião.

A hesitação de muitos alemães devia-se à situação do país, dividido durante a Guerra Fria. Era comum, conta Buro, ouvir que, se estávamos insatisfeitos, deveríamos ir "para o outro lado", numa alusão à Alemanha Oriental, ocupada pelos soviéticos, sob regime comunista. Na época, argumentava-se que a qualquer momento os russos poderiam atacar a Alemanha Ocidental, e que por isso era preciso estar prevenido.

Movimento ganha reconhecimento

Com o passar do tempo, cada vez mais personalidades públicas começaram a participar do movimento, fossem políticos ou ecologistas, e as passeatas se transformaram em válvula de escape da sociedade.

Também o escritor Erich Kästner participava, e dizia tratar-se de um protesto completamente sem ideologia. Ele via nas passeatas um importante instrumento nos tempos da Guerra Fria travada entre os Estados Unidos e a Rússia.

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Passeata em Londres contra armas nucleares, em 21 de março de 1960Foto: AP

As Marchas de Páscoa tiveram seu auge na década de 80. Centenas de milhares de pessoas se rebelavam contra a intenção dos Estados Unidos de estacionar mísseis de médio alcance em território alemão ocidental.

As passeatas transformaram-se em evento, com praças e parques cheios de cartazes empunhados por pessoas de todas as idades. Marchas com a participação de até 1 milhão de alemães ajudaram a consolidar o movimento pacifista internacional.

O movimento perdeu força na década de 90, quando outros temas passaram a dominar o cotidiano. A reunificação da Alemanha, a mudança nas relações entre os Estados Unidos e a nova Rússia mudaram o cenário internacional. Mas mesmo assim os pacifistas não perderam razões para protestar, seja pela saída das tropas alemãs do Afeganistão seja contra a energia nuclear.

Autor: Wolfgang Dick (rw)
Revisão: Augusto Valente