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Massacre de Tremseh reduz chance de diálogo na Síria

14 de julho de 2012

A chacina ocorrida em povoado próximo a Hama foi o mais recente de uma série de episódios sangrentos na Síria. A brutalidade dos crimes faz com que diálogo entre governo e oposição se torne cada vez menos provável.

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Foto: Reuters

A terrível chacina ocorrida em um povoado sírio desencadeou a indignação em todo o mundo, incitando o debate sobre uma intervenção internacional no país. Em torno de 250 pessoas foram mortas em Tremseh, nas imediações de Hama, na quinta-feira (12/07). Caso os números apontados pela oposição se confirmem, o ataque ao povoado terá sido o pior deste o início dos tumultos no país, há um ano e quatro meses.

Os oposicionistas afirmam que testemunhas viram como, já alguns dias antes do massacre, as Forças Armadas sírias construíram postos de bloqueio nas estradas que dão acesso à localidade. Primeiro, o lugar recebeu tiros de todos os lados, o que fez com que muitos habitantes tentassem fugir. Depois o Exército invadiu o povoado, deixando muitos civis mortos.

O governo sírio disseminou uma versão totalmente diferente através da agência estatal de notícias, segundo a qual grupos armados de terroristas teriam "tomado Tremseh e atirado aleatoriamente nos moradores". De acordo com Damasco, as forças de segurança entraram em confronto com os militantes armados e os conflitos resultaram em três soldados e 50 civis mortos. O regime do presidente Bashar el Assad acusa desde o início dos protestos no país, em março de 2011, "terroristas" de serem responsáveis pela violência.

Casas destruídas em Homs
Casas destruídas em HomsFoto: Reuters

"Podemos confirmar que na quinta-feira aconteceram tiroteios contínuos por longo tempo na região de Tremseh", declarou o general Robert Mood, diretor da missão de observadores da ONU no país. Mood citou o uso de helicópteros militares no confronto.

Regime demonstra onipotência

O local do massacre não foi escolhido por acaso, explica Sadiq al Mousllie, representante do Conselho Nacional Sírio que vive na Alemanha. O povoado é habitado principalmente por sunitas e rodeado por pequenos lugarejos com população de maioria xiita. Situações semelhantes levaram a outros massacres no país. Isso indica que o governo tenta criar um abismo em meio à população síria, mantendo os alevitas – grupo ao qual Assad pertence – de seu lado. "O regime tenta disseminar uma mensagem através deste massacre: 'Olhem só, nós destruímos os povoados sunitas, mas não os alevitas'", diz Al Mousllie.

Em todo o país, sunitas e xiitas combatem juntos o regime de Assad. Segundo Al Mousllie , é improvável que haja uma guerra religiosa no país. O regime, por sua vez, apela para medidas cada vez mais drásticas, a fim de acuar a população, diz o oposicionista. Segundo testemunhas, vários moradores do povoado foram mortos à queima-roupa. A emissora de televisão Al Jazeera noticiou que as vítimas do ataque foram esquartejadas e seus restos mortais colocados em lugares como a mesquita local e em campos ao redor do lugarejo. Não há, contudo, nenhuma confirmação de tais afirmativas.

Protestos em Idlib
Protestos em IdlibFoto: dapd

Chances de diálogo diminuem

Para o Conselho Nacional Sírio, afirma Sadiq al Mousllie, a única saída para o conflito é a renúncia de Assad. Todas as outras possibilidades de solução para o problema já se esgostaram, diz ele. O Conselho apela à comunidade internacional, especialmente ao Conselho de Segurança da ONU, pelo fim da violência no país.

Rafif Jouejati, porta-voz do Comitê de Coordenação Local da oposição, não tem mais muitas esperanças de que os conflitos no país possam ser encerrados apenas através da diplomacia. "Isso é muito difícil. O massacre é um exemplo clássico daquilo que acontece quando Bashar al Assad declara-se disposto a uma nova iniciativa de paz, não importa que ela venha da Liga Árabe ou do Plano Annan 1 ou 2", protesta Jouejati. Segundo ela, no fim há sempre uma ação homicida contra civis anônimos. "Por isso não sei se devemos ter grandes esperanças de chegar a uma solução política para o conflito", conclui.

Autora: Kersten Knipp (sv)
Revisão: Augusto Valente