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Max: um patinho feio canta pela Alemanha

Augusto Valente21 de março de 2004

Há algumas semanas ele não passava de um estudante de província. Agora é primeiro lugar das paradas de sucesso e o representante alemão no concurso Eurovisão 2004.

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Foto: AP

A escolha de Max para defender a Alemanha no Grand Prix da Canção Européia, Eurovisão 2004, não foi exatamente uma surpresa. Mas, descontada sua bela voz e interpretação forte, há que reconhecer: foi uma vitória bastante improvável. Pois a aparência e o histórico do cantor-revelação nada têm a ver com a imagem de superstar pasteurizado, que se exige da atual cena musical jovem alemã.

Maximilian Mutzke – este é seu sonoro nome verdadeiro – tem 22 anos, cabelos louros ralos e escorridos, sobrancelhas juntas e dentes irregulares. Natural da obscura Waldshut, na região de Breisgau, ele é, em princípio, tímido e está a apenas um mês de seu Abitur (certificado de conclusão do segundo grau). Nada poderia ser menos glamouroso, menos hype, menos cool.

Os concorrentes já adivinhavam

Porém Max possui o que um cantor precisa ter: uma bela voz, com um toque de soul e blues, e grande sensibilidade de intérprete. Na falta de outros atrativos extramusicais, não há dúvida: esta voz lhe valeu os 850 mil votos, ou seja: 92% dos espectadores que se manifestaram durante a final alemã em Berlim.

De jeans e pulôver negro de gola rolê, sentado num banco alto, ele se apresentou calmo, concentrado e a maior parte do tempo de olhos fechados. Com suas modestas armas, o patinho feio passou por cima de concorrentes com cacife midiático muito mais alto, como as bandas Scooter (segundo lugar) e Mia, ou os tarimbados Sabrina Setlur, Patrick Nuo e Laith Al-Deen.

Este último, de origem teuto-iraquiana, já anunciara – mesmo antes do início da prova: "Ele não quer que se diga isso, mas Max é quem vai ganhar".

Uma conversão e uma descoberta

A canção defendida por Max, Can't wait until tonight, atualmente primeiro lugar das paradas alemãs, é da autoria de seu mentor, Stefan Raab. Difícil encontrar uma história de conversão tão radical, mesmo nos contos de fada mais otimistas: há seis anos, o sarcástico apresentador de "tv-total" aparecera no Eurovisão pela primeira vez, como "Alf Igel", ao lado do indizível Guildo Horn. No Grand Prix de 2000, em Estocolmo, Raab reincidiu, defendendo a tola e monótona Wadde hadde dudde da?.

Este ano, talvez pelo remorso de haver contribuído tanto para o mau nome do Eurovisão – e em especial para o dos candidatos alemães – Stefan Raab anunciou em seu programa mais um desses concursos de novos talentos, tão em moda no país. E Saulo tornou-se Paulo: a seleção de "tv-total" foi surpreendentemente séria e conscienciosa, mais até do que a das emissoras concorrentes. E Max uma de suas felizes descobertas.

Graças ao regulamento dos wild cards, que permite a participação de novatos, o patinho feio de Breisgau encontrou rapidamente o caminho para o Eurovisão 2004. Durante a final nacional, Raab revelou: "Estou mais nervoso do que quando me apresentei". Com razão, pois a partir deste ano o Eurovision Song Contest não é mais brincadeira.

Em 15 de maio o talentoso Max estará enfrentando – esperemos – o crème de la crème da canção européia em Istambul.