May pede tempo a Merkel e Hollande para iniciar Brexit
14 de julho de 2016Em conversas telefônicas na noite desta quarta-feira (13/07), a nova primeira-ministra britânica, Theresa May, alertou a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, de que seu governo precisará de tempo antes de iniciar as conversações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
"Nos telefonemas, a primeira-ministra reforçou seu comprometimento em cumprir a vontade do povo britânico de deixar a UE", afirmou uma porta-voz de May. "A premiê explicou que será necessário algum tempo para nos prepararmos para essas negociações e falou sobre seu desejo de que elas sejam conduzidas num espírito construtivo e positivo."
Merkel, por sua vez, desejou boa sorte à nova colega. O porta-voz da chanceler federal, Steffen Seibert, disse que as duas líderes "concordaram que deve continuar a cooperação dentro do espírito da comprovada relação de amizade entre as duas nações, inclusive nas futuras negociações sobre a saída do Reino Unido da UE".
A chanceler federal alemã, a quem May chegou a ser comparada, defende que a UE deve der tempo ao novo governo britânico antes do inicio das conversas oficiais, mas ressaltou que o Reino Unido deve esclarecer rapidamente que tipo de relacionamento deseja ter com o bloco europeu.
Já Hollande teria pedido a May que agisse para que seu país deixe a UE rapidamente. "Ambos concordaram em desenvolver ativamente o relacionamento bilateral que une afetuosamente a França e o Reino Unido em todas as áreas", afirmou o gabinete de Hollande em comunicado. "O presidente reiterou seu desejo de que as conversações sobre a saída do Reino Unido da UE sejam iniciadas o mais rápido possível."
Pressão de Bruxelas e novas prioridades
A primeira-ministra já enfrenta pressões do presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, e do presidente da Comissão Europeia, Jan-Claude Juncker, para não tardar com os procedimentos referentes ao Brexit.
Para tal, May teria que evocar o artigo 50 do Acordo de Lisboa – que estabelece os procedimentos para um Estado-membro deixar a UE –, o que daria início à contagem regressiva de dois anos até a saída definitiva do país do bloco.
A primeira-ministra, que publicamente apoiou a permanência de seu país na UE juntamente com seu antecessor, David Cameron, acabou nomeando o polêmico ex-prefeito de Londres Boris Johnson, líder da campanha a favor do Brexit, para o Ministério do Exterior.
Liam Fox, outro defensor da saída do país da UE, foi nomeado ministro do Comércio Exterior, o que sinaliza a mudança nas prioridades do país após o referendo em que quase 52% da população votou a favor do Brexit.
RC/ap/afp/dpa/rtr