Cúpula do G8
6 de julho de 2008A crise mundial de alimentos e o debate sobre os biocombustíveis são dois dos temas que estarão em debate a partir desta segunda-feira (07/07) na cidade japonesa de Toyako, no encontro de cúpula do G8, o grupo das sete nações mais ricas do planeta, além da Rússia.
Segundo informações publicadas pelo semanário Der Spiegel, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, enviou uma carta de advertência aos seus colegas de pasta no G8, onde adverte para problemas internacionais de segurança em conseqüência à escassez de alimentos.
A revista escreve que em abril último Merkel teria composto um grupo de trabalho para analisar as causas e conseqüências da carência de alimentos. O grupo teria sido incumbido de sugerir formas para resolver o problema.
"Ameaça à democratização"
Na carta de seis páginas dirigida aos chefes de Estado e de governo dos sete países mais ricos do mundo e da Rússia, Merkel chama a atenção que a crise de alimentos pode "ameaçar a democracia, desestabilizar Estados e evoluir para um problema internacional de segurança".
Para combater a crise, Merkel defende o aumento da ajuda direta aos produtores nos países atingidos. Além disso, a chefe de governo alemã defende o acesso mais rápido a sementes e fertilizantes e o fim de restrições para a exportação, "como as praticadas na Índia".
Na mensagem semanal de vídeo divulgada em seu site na internet, neste sábado, Merkel lembrou que "também a ampliação de áreas cultivadas para biocombustíveis pode levar ao encarecimento dos alimentos".
Proteção ao clima continua assunto de destaque
"Vamos discutir como as nações industrializadas podem ajudar os países africanos no fortalecimento de sua agricultura", assinalou. Outro assunto que não pode ficar de fora é a problemática dos biocombustíveis, para que não surja uma concorrência com a produção de alimentos, acrescentou Merkel.
Segundo a Der Spiegel, Merkel anunciou em sua carta aos parceiros do G8 que ainda em 2008 a Alemanha irá destinar 478 milhões de euros para o abastecimento dos países pobres com alimentos. As 30 nações mais pobres do planeta necessitam, segundo Merkel, de 20 bilhões de dólares em alimentos do exterior.
A proteção do clima é outra grande preocupação alemã. Para isso, Merkel conclama as nações industrializadas a reduzirem à metade as emissões de CO2 até meados do século. Esta tarefa, segundo Merkel, deve ser cumprida com a ajuda dos países emergentes.
Nos três dias de debates em Toyako também estarão em pauta assuntos políticos – como a situação no Zimbábue, o Irã e o Oriente Médio – e a alta dos preços da energia. "Neste sentido, é muito importante que representantes do grupo G5 de países emergentes participem dos debates", assinalou Merkel. Este grupo é composto por Brasil, China, Índia, México e África do Sul.
Continuidade do processo iniciado em Heiligendamm
O Japão detém em 2008 a presidência do G8, grupo formado ainda por Alemanha, Estados Unidos, França, Canadá, Reino Unido, Japão, além da Rússia. No ano passado, a presidência foi ocupada pela Alemanha, que organizou a cúpula em Heiligendamm, no norte do país.
Além dos países já citados, a conferência em Toyako terá a participação de representantes de sete países africanos e da União Africana, e ainda da Coréia do Sul, Austrália e Indonésia.
Protestos contra o G8
Centenas de manifestantes protestaram no Japão de forma pacífica contra o G8 neste domingo, dia da chegada dos primeiros chefes de Estado e de governo que participam na conferência do G8. Mais de 20 mil policiais foram destacados para tratar da segurança do encontro.
Mais de duas mil pessoas protestaram na cidade japonesa de Sapporo, no sábado. Elas apelaram ao G8 que tome medidas concretas para a proteção ambiental e contra a pobreza e a discriminação.