Saída da crise
9 de janeiro de 2012Em seu primeiro encontro de 2012, Angela Merkel, chefe do governo alemão, e Nicolas Sarkozy, presidente da França, se ocuparam do assunto que dominou a agenda oficial do ano passado: a crise do euro.
Os dois líderes se reuniram nesta segunda-feira (09/01) em Berlim para preparar o encontro de cúpula dos chefes dos 27 Estados da União Europeia (UE), marcada para o fim do mês. "Não existe futuro para a Europa caso França e Alemanha não estejam de acordo", salientou Sarkozy ao falar da importância do encontro.
Segundo Merkel, as negociações sobre uma união fiscal correm bem, e há boas chances de que o acordo que visa frear o endividamento dos países europeus seja assinado ainda em janeiro. O pacote deve impor mais disciplina orçamentária aos membros da UE, conforme discutido no último encontro de cúpula, em dezembro.
Ainda sobre a crise, a chanceler federal alemã afirmou que pretende acelerar o aumento de capital do chamado Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM, na sigla em inglês). A Alemanha deve contribuir com 22 bilhões de euros, dos 80 bilhões previstos.
O caso Grécia
Sobre o centro da crise do bloco, Merkel cobrou que o governo em Atenas aja mais rápido para contornar a dívida pública, caso contrário os parceiros europeus não irão transferir a próxima parcela de ajuda financeira aos gregos, ameaçou. "Mas queremos que a Grécia permaneça na zona do euro", completou Merkel, pontuando que a Grécia é "um caso isolado".
O país deve receber no próximo final de semana uma nova visita de inspeção de representantes da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Eles irão checar o progresso das reformas em Atenas. Enquanto isso, a moeda comum europeia segue sob pressão. Na madrugada desta segunda-feira, a moeda atingiu o menor patamar desde setembro de 2010 – um dólar valia 1,2666 euro.
Novo imposto
A introdução do imposto sobre transações financeiras, bastante defendido pela França, continua um assunto controverso entre os membros da UE. Nesta segunda-feira, a líder alemã disse concordar com Sarkozy e que, se necessário, a taxa poderia ser cobrada na zona do euro caso os demais países da UE resistam à medida. Embora Merkel tenha se pronunciado favorável, o governo alemão ainda encontra resistência interna. A líder insistiu: "Iremos continuar lutando por isso."
Na última sexta-feira, Sarkozy mostrou-se convencido de que a ferramenta ajudaria a região a sair da crise, e de que estaria disposto a adotar a cobrança mesmo que seja apenas na França. "Não vamos esperar pelos outros para colocar a medida em prática, nós o faremos porque acreditamos nela", disse o francês depois de uma conversa com Mario Monti, primeiro-ministro da Itália.
Para que a taxa passe a vigorar na União Europeia, no entanto, é necessária a concordância de todos os membros. O Reino Unido se opõe fortemente à medida: David Cameron, primeiro-ministro inglês, prometeu bloquear qualquer tentativa do bloco de introduzir a cobrança em toda a UE, alegando que a prosperidade da Europa seria prejudicada. Londres, uma das capitais do mundo financeiro, teme perder a atratividade com a cobrança da taxa.
A cobrança incidiria sobre produtos financeiros, ou seja, ações, divisas e papéis especulativos. A intenção é limitar a ação dos especuladores e fazer com que as instituições financeiras também arquem com os custos da crise.
Prosperidade e emprego
O crescimento econômico, a criação de empregos e aumento da competitividade europeia também são temas considerados prioritários por Sarkozy e Merkel. Segundo os líderes, a Europa deveria comparar o mercado de trabalho de diferentes países e absorver as melhores práticas. Prestes a concorrer pelo segundo mandato presidencial, Sarkozy tenta reverter o alto nível de desemprego na França.
O tema deve acompanhar a chanceler federal alemã ao longo da semana: na terça-feira, Merkel se reúne com Christine Lagarde, chefe do FMI. Na próxima quarta, será a vez de Mario Monti ir até Berlim.
NP/dpa/rts/afp/dpad
Revisão: Roselaine Wandscheer