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Merkel chama seu maior crítico interno para ministério

25 de fevereiro de 2018

Chanceler escolhe Jens Spahn, de 37 anos, para assumir pasta da Saúde do novo governo de coalizão, caso este se torne realidade. Nomes da CDU para gabinete devem ser aprovados em congresso extraordinário.

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Angela Merkel
Merkel tem sido alvo de críticas depois da eleição parlamentar de setembroFoto: picture alliance/dpa/B. von Jutrczenka

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, decidiu indicar como ministro um de seus maiores críticos dentro do próprio partido, a União Democrata Cristã (CDU), enquanto procura contornar o descontentamento crescente na direita da legenda.

Jens Spahn, de 37 anos, será o ministro da Saúde no novo gabinete de Merkel – caso a nova "grande coalizão" se torne realidade. A informação foi confirmada neste domingo (25/02) pela própria chanceler, durante entrevista em Berlim, na qual ela anunciou os nomes da CDU para o ministério de uma nova coalizão de governo.

Spahn, que se apresenta como católico, defensor dos valores conservadores e gay, tornou-se conhecido dentro da CDU por sua expertise em temas de saúde. Ele integra o diretório da CDU, e é visto também como uma pessoa autoconfiante, ambiciosa e que costuma dizer o que pensa sem fazer rodeios.

Jens Spahn com Angela Merkel
Jens Spahn com Angela Merkel: indicação é tida como tentativa de apaziguar conservadores insatisfeitosFoto: Reuters/A. Schmidt

CDU está descontente

Merkel tem sido alvo de críticas depois da eleição parlamentar de setembro, em que seu partido saiu vitorioso, mas com o pior resultado eleitoral em décadas, ao passo que os populistas de direita da Alternativa para a Alemanha (AfD) obtiveram votos suficientes para se firmarem como terceira força partidária e entrarem no Parlamento alemão pela primeira vez.

Outro ponto de descontentamento dentro da CDU é que, durante as negociações para nova coalizão governamental, Merkel abriu mão do poderoso Ministério das Finanças para convencer o Partido Social-Democrata (SPD) a continuar no governo.

Spahn esteve na vanguarda dos críticos a Merkel, atacando as políticas da chanceler, particularmente sobre imigração, e defendendo uma guinada conservadora num momento em que os grandes partidos alemães estão sendo pressionados pela ascensão da AfD, que se manifesta contra a entrada de refugiados, cujo ápice foi em 2015.

A inclusão de Spahn no gabinete pode ajudar a desarmar uma rebelião interna antes do congresso extraordinário da CDU desta segunda-feira, planejado para dar o sinal verde da legenda ao acordo de coalizão com o SPD, além de eleger Annegret Kramp-Karrenbauer como nova secretária-geral do partido.

SPD ainda vota acordo

Além do posto de saúde, Merkel preenche os ministérios da CDU remanescentes com pessoas tidas como leais, mantendo a ministra da Defesa, Ursula von der Leyen, em seu cargo, indicando o atual chefe da Chancelaria, Peter Altmaier, para o Ministério da Economia e a chefe da CDU no estado de Renânia-Palatinado, Julia Klöckner, como ministra da Agricultura. Outros nomes da CDU para o gabinete são a deputada Anja Karliczek, indicada para o Ministério da Educação, e Helge Braun, deve assumir o cargo de chefe da Chancelaria.

O SPD ainda precisa aprovar o acordo de aliança. Os resultados de uma consulta entre os filiados do partido, que ocorre atualmente, será anunciado no próximo domingo. Se os membros do SPD optarem pelo "não" na votação, realizada por correio e pela internet, a Alemanha terá que enfrentar mais indefinição e uma provável nova eleição, que pode dar fim aos 12 anos de poder de Merkel.

A CDU está pronta para votar sobre o acordo de coalizão nesta segunda-feira, mas com o movimento de Merkel para acalmar seus críticos, a aprovação é considerada apenas uma formalidade.

MD/rtr/afp/ard

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