Merkel defenderá medidas europeias de austeridade em encontro do G8
10 de maio de 2012A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, defendeu em discurso na câmara baixa do Parlamento alemão (Bundestag) nesta quinta-feira (10/05) que a política de redução das dívidas, do reforço do crescimento e do emprego deve se manter atrelada às duras medidas de austeridade adotadas na Europa – apesar das dificuldades enfrentadas, como na Grécia e na Espanha.
Merkel reforçou que estes devem ser os pilares da estratégia para superar a crise na Europa. As declarações antecipam o discurso do governo alemão para a cúpula dos oito principais países industrializados do mundo (G8), e da Otan na próxima semana nos Estados Unidos. O G8 é formado por Estados Unidos, Alemanha, Rússia, Japão, Canadá, França, Itália e Reino Unido.
Durante o encontro, Merkel defenderá também uma maior redução das barreiras comerciais entre os países. Aos parlamentares, ela afirmou que um comércio mais livre e um mercado global mais aberto são importantes fatores para um crescimento sustentável.
A chefe da maior economia da Europa deverá destacar nos Estados Unidos que a maior liberdade comercial também será um importante aliado na luta pela redução da dívida e no incentivo à competitividade, não apenas no continente europeu, mas em praticamente todos os países industrializados do mundo.
Sem "crescimento a crédito"
Merkel rejeitou a necessidade de novas dívidas para estimular as economias e descartou um "crescimento a crédito", pois, segundo ela, este poderia levar a Europa exatamente ao ponto em que estava no início da crise. "Por isso não vamos fazer isso", disse, advertindo que a crise da dívida não será solucionada "do dia para a noite".
Merkel também voltou a recusar a emissão de títulos conjuntos da dívida pública na zona euro, os chamados eurobonds, como parte da solução da crise.
O discurso reforça a posição da Alemanha diante das reivindicações do presidente eleito francês, François Hollande, de reabrir as discussões na União Europeia sobre os duros pacotes de austeridade exigidos pelo bloco. A posição de Hollande encontra resistência na UE. Na próxima terça, ele deve se encontrar com Merkel para discutir o assunto. O futuro presidente da França também participará dos encontros nos EUA.
Tropas no Afeganistão
Segundo Merkel, os problemas cruciais a serem resolvidos pela comunidade internacional são o combate às alterações climáticas, a eficiência energética e a luta contra a fome no mundo.
Com relação à cúpula da Otan, uma das principais questões será uma eventual retirada antecipada das tropas aliadas do Afeganistão. Também neste ponto, a chanceler federal alemã e Hollande divergem.
Merkel defende a manutenção da estratégia já acertada, que prevê a permanência dos soldados em solo afegão até o fim de 2014 – "entramos juntos, sairemos juntos", disse.
Durante a campanha presidencial, porém, o socialista francês prometeu a retirada até o fim deste ano. A França tem o quinto maior contingente militar no país. Existe o temor de que o desvio da França dos planos estabelecidos pela Otan possa estimular outros países a também antecipar a saída de suas tropas.
Parceria Otan e Rússia
Ainda em seu discurso no Parlamento, Merkel reforçou a expectativa sobre uma possível cooperação com a Rússia para a implantação de escudo antimíssil na Europa. A chanceler federal lembrou que a Otan já havia feito a proposta de um trabalho em conjunto aos russos durante um encontro em 2010, o que poderia escrever um novo capítulo nas relações entre a aliança militar ocidental e Moscou. Esta seria a primeira vez que a Rússia e a Otan tomariam em conjunto medidas de defesa militar.
O presidente russo, Vladmir Putin, porém, já recusou há algumas semanas o convite para participar do encontro da Otan. Ele também informou ao presidente norte-americano, Barack Obama, que não estará presente na reunião do G8 – onde será representado pelo primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev.
Com o escudo antimíssil, a Otan pretende proteger a Europa de eventuais ataques de mísseis de curto e médio alcance. Durante o encontro em Chicago, os líderes querem dar sinal verde aos primeiros passos para implantar o sistema, que deve ficará pronto até 2020.
MSB/dpa/rtr/afp/dapd/lusa
Revisão: Roselaine Wandscheer