Merkel e Putin se reúnem na Alemanha
18 de agosto de 2018A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, se encontraram neste sábado (18/08). Entre os temas em discussão entre os dois líderes estavam a Síria, a Ucrânia e a expansão do gasoduto Nord Stream 2. É o segundo encontro entre os dois líderes nos últimos três meses.
Antes do encontro, Merkel e Putin afirmaram concordar que o Protocolo de Minsk deve servir de base para resolver o conflito na Ucrânia. O protocolo é um acordo assinado em 2015 pela Rússia e Ucrânia para tentar interromper a guerra civil no leste ucraniano.
O encontro entre os dois líderes ocorreu no Palácio de Meseberg, a 60 quilômetros de Berlim. Em uma aparição para a imprensa pouco antes da reunião, Merkel e Putin também afirmaram que consideram uma prioridade evitar uma catástrofe humanitária na Síria. Merkel também destacou a responsabilidade tanto da Alemanha quanto da Rússia – que é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU – em buscar soluções para os muitos conflitos no mundo.
Ainda em relação à Ucrânia, Merkel lamentou que ainda não haja um cessar-fogo estável no leste do país. Merkel também disse que os dois líderes iriam discutir a possibilidade de promover uma missão da ONU na Ucrânia "que talvez possa desempenhar um papel na paz". Ela também salientou que os acordos de Minsk "são e continuarão a ser a base" para qualquer paz na região.
Putin, por sua vez, lamentou a falta de progresso na resolução do conflito e, seguindo o exemplo de Merkel, disse que "não há alternativa ao cumprimento dos acordos de Minsk". Ele também afirmou estar disposto a apoiar uma missão da ONU.
Síria e gasoduto
Quanto à Síria, o segundo grande tema desta reunião, Merkel destacou a necessidade de evitar uma catástrofe humanitária em Idlib no noroeste do país, ao mesmo tempo em que apontou a importância de apoiar um processo de paz que inclua uma reforma constitucional e possíveis eleições.
Putin enfatizou a importância de expandir a ajuda humanitária na Síria e de apoiar as áreas que passaram a receber de volta pessoas que haviam fugido para o exterior.
O tema do gasoduto Nord Stream 2 também foi explorado por Merkel e Putin. A expansão desse gasoduto tem sido um ponto de conflito entre a Alemanha, a Rússia e outros países do leste da Europa.
Com 1,2 mil quilômetros de extensão, esse duto transportará gás da Rússia diretamente para a Alemanha através do Mar do Norte. Mas a construção é criticada internamente na Alemanha e outros países por acarretar efeitos geopolíticos de longo alcance, especialmente para a Ucrânia.
Com o Nord Stream 2, os gasodutos que até agora passavam por terra da Rússia para a Alemanha – inclusive através da Ucrânia – se tornariam menos importantes. Kiev não seria privada apenas da receita, mas também seria mais fácil para a Rússia fechar o gás da Ucrânia sem afetar outros países.
Segundo Putin, o gasoduto "minimizará os riscos de trânsito e garantirá o consumo crescente na Europa". Merkel, por outro lado, sublinhou mais uma vez a posição alemã de que "a Ucrânia deve continuar a desempenhar um papel no trânsito de gás para a Europa mesmo depois que o Nord Stream 2 se materializar".
Os dois também enfatizaram a importância de manter o acordo nuclear com o Irã, apesar de Merkel ter afirmado "observar com preocupação" as várias atividades de Teerã, "seja no Iêmen ou na situação na Síria".
JPS/dpa
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