Parceria UE-EUA
29 de abril de 2007As duas maiores potências econômicas do mundo, a União Européia (UE) e os Estados Unidos, dependem uma da outra, mas nunca salientaram isso em acordo oficial. Embora o comércio bilateral atinja dois trilhões de euros ao ano e represente 40% do comércio mundial, sua parceria se fundamenta apenas no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Esta é uma relação que deve ser aprofundada, diz o presidente da Comissão Executiva da UE, João Manuel Durão Barroso: "Os Estados Unidos e a União Européia são os maiores parceiros comerciais do mundo. Estamos decididos a aprofundar esta parceria. Comércio e investimentos são a base desta relação e vamos continuar apostando nisso."
Apenas declarações de intenção
Já há mais de dez anos foram assinados os primeiros termos de compromisso para iniciar consultas visando a uma aproximação entre os dois lados. Apesar dos muitos encontros de cúpula, a maioria das tentativas de acabar com barreiras comerciais perdeu-se nas vias burocráticas.
Angela Merkel, a alemã na presidência semestral da União Européia, está determinada a mudar isso e na cúpula UE-EUA em Washington quer apresentar um acordo de parceria econômica ao governo de George W. Bush.
Em princípio, trata-se de mais uma declaração de interesse político, não sendo um tratado de efeito legal. Um cronograma estipula, em vários setores, o fim até 2015 de barreiras comerciais que nada têm a ver com as taxas alfandegárias convencionais.
Merkel viajou neste domingo (29/04) a Washington acompanhada do presidente da Comissão Executiva da UE, Durão Barroso. Segundo ela, esta parceria econômica deve ser claramente diferenciada da Rodada Doha. "Queremos inicialmente a harmonização de padrões, o que pode nos ajudar a reduzir uma imensidade de custos".
Normas duplas de controle
Merkel criticou a falta de uma regulamentação comum para, por exemplo, testes de segurança em automóveis e critérios para a liberação de medicamentos e produtos cosméticos. A falta de convenções comuns implica o aumento dos preços destes produtos tanto nos Estados Unidos como na Europa e dificulta a vida do consumidor.
Os economistas advertem, no entanto, para o perigo escondido nos detalhes: diferentemente de como acontece na Europa, a burocracia nos Estados Unidos é bem descentralizada. Segundo Peter Mandelsoon, comissário de Comércio da União Européia, "é preciso melhorar a legislação em ambos os lados do Atlântico. Há muitas áreas em que empresas dos dois lados do oceano pagam duas vezes para vender nos dois mercados."
Proteção comum contra a concorrência asiática
Até 2009, deverão ser unificadas as disposições de balanço para a avaliação de empresas. A compra de empresas deverá ser facilitada. Além disso, a primeira parte de uma ampla abertura do tráfego aéreo deverá ser assinado nos próximos dias em Washington. Também nos setores da nanotecnologia e do biodiesel a União Européia e os Estados Unidos buscam padrões conjuntos.
Observadores acreditam que a política econômica entre Bruxelas e Washington ambiciona também uma proteção contra a China e a Índia, cuja concorrência se torna cada vez mais ameaçadora.
Matthias Wissman, presidente da comissão da Europa no Parlamento alemão e um dos grandes defensores de uma zona de livre comércio entre os dois grandes parceiros, garante que não se trata da criação de uma nova fortaleza. Pelo contrário, diz Wissman, no futuro a área de livre comércio também será aberta a outros países.
Fora da agenda
Temas controversos, como os subsídios agrícolas e o conflito por causa das subvenções a Airbus e Boeing em princípio devem ficar fora da agenda. Afinal, Angela Merkel quer que o acordo básico com os Estados Unidos acabe sendo um dos grandes êxitos de sua presidência na União Européia.
Resta saber se o Congresso norte-americano, dominado pelos democratas e com tendências protecionistas, vai apoiar o acordo comercial da mesma forma que o presidente e amigo de Merkel George Bush. (br/rw)