Merkel pede mais unidade na UE após ano "difícil"
16 de dezembro de 2015Em discurso no Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão), nesta quarta-feira (16/12), a chanceler federal alemã, Angela Merkel, destacou a série de obstáculos que a União Europeia teve que enfrentar nos últimos 12 meses, tais como a dívida da Grécia, a crise migratória e a mudança climática.
"Nós vimos a coesão europeia ser colocada à prova em várias ocasiões", apontou Merkel, afirmando que a Europa foi capaz de atender os novos desafios com "vontade e capacidade de compromisso e mostrar solidariedade".
Síria e "Estado Islâmico"
A chanceler federal considera que os ataques terroristas de 13 de novembro, em Paris, demonstraram a necessidade de a Europa trabalhar em conjunto, a fim de combater "as ameaças globais à paz e à segurança" – referindo-se, em particular, ao grupo jihadista "Estado Islâmico" (EI).
Ela enfatizou a necessidade de os 28 países-membros da UE melhorarem a comunicação mútua, no que diz respeito ao intercâmbio de informações vitais à luta contra o terrorismo. "Nós estamos lado a lado com a França", comentou, no mesmo dia em que a Bundeswehr (Forças Armadas alemãs) cooperou pela primeira vez nos ataques aéreos realizados pela coalizão internacional na Síria.
Merkel frisou que alcançar uma solução política da guerra civil na Síria é fundamental para erradicar o EI. Contudo é questionável o lugar do presidente sírio, Bashar al-Assad, no futuro do país. "Assad não pode ser parte de uma solução de longo prazo na Síria", pontificou.
Crise dos refugiados e a importância da Frontex
A democrata-cristã também citou a importância da Turquia como nova parceira-chave no enfrentamento do afluxo de refugiados, alimentado em parte pela situação na Síria: "A Turquia é o principal país de trânsito para os refugiados a caminho da Europa."
Ela defendeu o compromisso da UE, orçado em 3 bilhões de euros, para ajudar Ancara a melhorar as condições de vida dos migrantes em seu território e conter o fluxo de refugiados que desejam obter asilo na UE. Segundo ela, isso reforçará as fronteiras externas da Europa, permitindo que as internas permaneçam abertas.
"Nenhum outro país da Europa se beneficia tanto de ter fronteiras abertas e de partilhar uma moeda única como a Alemanha." Por isso, os líderes europeus também devem fomentar o fortalecimento da agência de fronteiras europeias Frontex, de modo que possa, se necessário, agir de forma independente em tempos de crise, instou.
Segundo a chanceler federal, a UE precisa de uma solução permanente para o controle de suas fronteiras externas. "A Frontex pode nos ajudar a garantir uma distribuição justa dos refugiados em toda a UE e, ao mesmo tempo, aliviar os países por onde os refugiados acessam a região, como a Grécia."
Futuro do Reino Unido na UE
Um dos principais objetivos da próxima reunião de cúpula da UE será discutir o papel do Reino Unido no bloco. Até o final de 2017, o país planeja realizar um referendo sobre sua permanência na UE. Assim Merkel quer ouvir as reivindicações do primeiro-ministro britânico, David Cameron, a fim de ajudar a manter o país na UE.
"O governo alemão fará campanha a favor da manutenção do Reino Unido na UE. O país apresentará suas demandas, e a Alemanha o ajudará a alcançar um desfecho mutuamente favorável no referendo." No entanto, os dois princípios-chave de liberdade de circulação entre os Estados-membros e a igualdade de tratamento dos cidadãos da UE permanecem inegociáveis.
A chefe de governo se disse confiante quanto ao papel futuro do país no bloco: não se trata apenas de garantir que os britânicos continuarão se beneficiando da permanência na UE, mas também de garantir que a União, como um todo, não venha a perder.
"O Reino Unido é o berço do parlamentarismo moderno. Todos os principais regulamentos da UE se remontam à tradição britânica. Escolha óbvia como aliado, essa nação é parte da história de sucesso sem igual da Europa."
FC/afp/dpa/rtr