Mesmas divergências, nova forma de lidar com elas
24 de fevereiro de 2005O diário de Munique Süddeutsche Zeitung é de opinião de que ainda vai demorar muito até que se estabeleça entre os dois países um relacionamento especial como o imaginado pelo pai do atual presidente, George Bush, ou mesmo como as relações que os Estados Unidos mantêm com a Grã-Bretanha e com Israel. "Mas o fato de Berlim e Washington serem de novo parceiros já é mais do que se poderia ter esperado dois anos atrás. (...) Acontece que Bush precisa dos alemães: de seus soldados no Afeganistão, de seu chanceler federal como mediador entre ele e seu amigo no Kremlin, mas principalmente de seu peso na União Européia."
"Não se deveria minimizar o valor da visita e de seus gestos conciliatórios", afirma o Handelsblatt, jornal de economia publicado em Düsseldorf. "O importante é que Schröder tenha dirimido a impressão de que quisesse de novo ganhar pontos no país por meio de lemas antiamericanos. Importante, além disso, é que Bush tenha admitido mais de uma vez que os Estados Unidos não conseguiriam conquistar o apoio da Europa sem a ajuda da Alemanha."
O Badische Neueste Nachrichten expressa a esperança de que ambas as partes tenham aprendido com as divergências do passado. "Os EUA não podem burlar seus melhores amigos para, contrariando o Direito Internacional, derrubar sozinhos um regime que não lhes agrade; a Europa não pode recuar, repetindo frases feitas da diplomacia e se escondendo como um coelho na toca quando as coisas não dão certo. O que deve haver no futuro é tão-somente a atuação conjunta e não de cada um por si e, muito menos, de um contra o outro."
Reina em muitos comentários o consenso de que a virada que se manifestou em Mainz não significa que daqui em diante tudo será harmonia nas relações bilaterais: "O que ambas as partes precisam encontrar é o equilíbrio entre a competição e a cooperação", opina o Märkische Oderzeitung, de Frankfurt do Oder, no Leste do país.
O Nordsee-Zeitung, de Bremerhaven, faz coro: "As antigas divergências não devem pesar sobre as tarefas futuras, que terão de ser realizadas em conjunto. Elas continuam existindo, é verdade. Mas agora as posições fundamentais opostas são respeitadas e aceitas como um fato dado".
"As brigas sempre vão voltar a acontecer – principalmente porque não foi solucionado um único problema em Mainz. Não é preciso que as estruturas tremam quando isto acontecer", adverte o Mannheimer Morgen, da cidade de Mannheim.