Milhares de empresas arruinadas pelas enchentes
26 de agosto de 2002Açougues, padarias, escritórios, restaurantes, pensões ou grandes lojas de departamentos: mais de 10 mil firmas dos mais diferentes setores foram afetadas no leste da Alemanha pelas águas do Elba e seus afluentes, que há duas semanas inundam as regiões que atravessam. Só em Dresden, o número de empresas afetadas chega a 7000, relata o jornal Die Welt am Sonntag, reportando-se a levantamentos feitos pelas Câmaras de Indústria e Comércio da região. Muitos dos empresários encontram-se diante da ruína, milhares de postos de trabalho estão ameaçados.
Um balanço final só será possível depois que os leitos dos rios voltarem ao seu nível normal. O debate acerca do financiamento dos prejuízos tampouco está encerrado. As propostas dos políticos sucedem-se, seguidas de discussões partidárias — marcadas sobretudo pelo clima de campanha eleitoral —, bem como de rebatidas dos setores da economia incluídos nos respectivos planos.
O presidente da Confederação das Indústrias alemãs (BDI), Michael Rogowski, desmente que o empresariado tenha chegado a um acordo com o chanceler federal Gerhard Schröder sobre um aumento do imposto de pessoas jurídicas em 1,5 ponto percentual.
Os bancos, por sua vez, — afirma o semanário Welt am Sonntag — rechaçam a proposta do ministro da Economia, Werner Müller, de conceder um perdão das dívidas a todas as empresas afetadas.
Solidariedade —
O debate público não significa, porém, que as vítimas da catástrofe — segundo a Cruz Vermelha Alemã (DRK), quatro milhões de pessoas — estejam abandonadas a seu destino. Pelo contrário, a onda de solidariedade no país é sem igual. Além da participação ativa de milhares de soldados, funcionários da defesa civil, corpos de bombeiros e voluntários, as doações atingem somas recordes. Só a DRK arrecadou até agora 75 milhões de euros, quantia nunca atingida em campanhas anteriores. Grandes empresas, esportistas e partidos políticos colocam grandes somas à disposição. Nas empresas, funcionários realizam coletas.Águas recuam —
Nesse meio tempo, o nível do Elba e seus afluentes baixa continuamente, permitindo à população respirar aliviada. Os diques no norte da Alemanha conseguiram resistir à força das águas, apesar de estarem todos encharcados e "moles como pudins", de acordo com voluntários que trabalharam incansavelmente para reforçá-los amontoando sacos de areia.A situação já se distendeu a tal ponto, que o governo alemão pôde enviar, neste domingo (25), 600 mil sacos não mais necessitados na Alemanha para Wuhan, na China, cidade agora ameaçada pelas cheias do rio Yang-tse.