Milhares protestam contra acordo UE-EUA em Berlim
10 de outubro de 2015No mínimo 100 mil pessoas saíram às ruas de Berlim neste sábado (10/10) para protestar contra o planejado Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP, na sigla em inglês), cujo fim declarado é impulsionar as relações comerciais entre a União Europeia e os Estados Unidos. Os manifestantes alegam que a iniciativa é antidemocrática e vai reduzir os padrões de segurança alimentar, ambiental e do trabalho.
Os organizadores – uma aliança de grupos ambientalistas, de caridade e de partidos de oposição – afirmam que 250 mil participaram do ato, superando as expectativas iniciais. Estimativas da polícia, porém, falam em aproximadamente 100 mil manifestantes, no protesto que também tinha como alvo o Acordo Integral de Economia e Comércio (Ceta), entre a Europa e o Canadá.
Foram registrados protestos em grande escala também em outras cidades do país. A oposição ao TTIP na Alemanha vem ganhando força desde 2014. Os críticos temem que o tratado possa dar poderes demasiados às multinacionais, às custas dos consumidores e trabalhadores.
Durante o protesto, Dieter Bartsch, líder da bancada do partido A Esquerda no Parlamento alemão, expressou sua preocupação com a falta de transparência que envolve as negociações, realizadas a portas fechadas. "Precisamos saber o que supostamente está sendo decidido."
A dimensão da resistência ao acordo surpreendeu o governo de Angela Merkel, que enfrenta o desafio de mudar a opinião pública a favor da iniciativa. Os defensores do TTIP afirmam que ele criará um mercado de 800 milhões de consumidores, além de servir de contrapeso à influência econômica da China. Empresários estimam que o ele possa gerar ganhos econômicos de mais de 100 bilhões de dólares dos dois lados do Atlântico.
Em carta publicada neste sábado em diversos jornais alemães, o ministro da Economia da Alemanha, Sigmar Gabriel, criticou o que chamou de "alarmismo" em relação ao TTIP.
"Temos a oportunidade de estabelecer padrões novos e positivos para o comércio global, para o meio ambiente e para os consumidores, e condições justas para investimentos e para os trabalhadores", defendeu o também vice-chanceler federal da Alemanha.
RC/rtr/dpa