Milhares voltam a protestar na Hungria
22 de dezembro de 2018Milhares de húngaros saíram às ruas de Budapeste nesta sexta-feira (21/12) à noite para protestar contra a sançãopelo presidente do país, János Áder, de uma controversa legislação trabalhista que foi apelidada de "lei dos escravos". Parte dos manifestantes também aproveitou a ocasião para protestar contra o governo nacionalista do primeiro-ministro Viktor Órban, que propôs a lei, aprovada pelo Parlamento.
János Áder sancionou nesta quinta-feira a lei que eleva o número de horas extras que os trabalhadores do país podem fazer no ano, medida que gerou uma série de protestos.
A polêmica legislação estabelece um máximo de 400 horas extras anuais para os húngaros. Assim, alguns podem passar a trabalhar seis dias por semana. Antes, o limite que o empregador poderia pedir era de 250 horas.
Além disso, o texto permite que os empresários paguem os valores dessas horas adicionais em até 36 meses.
Após a aprovação da lei na semana passada, uma série de protestos já havia sido organizada em Budapeste e outras cidades do país. As manifestações uniram oposição, sindicatos e organizações civis.
Apesar das horas extras serem "voluntárias", os críticos da lei alertam que os trabalhadores que se neguem a aceitá-las ficarão marcados pelos empresários e correrão risco de demissão.
O presidente da Hungria, do partido conservador nacionalista Fidesz, discordou da visão dos críticos e disse que os empregadores não poderão punir os funcionários que se negarem a aceitar as horas extras. E alegou que a lei não diminui a capacidade dos sindicatos de oferecer proteção aos trabalhadores para convênios coletivos.
As novas regras entram em vigor no dia 1º de janeiro.
Nos últimos dias, a Hungria foi palco de uma onda de manifestações contra a lei. Os protestos foram os mais violentos na Hungria em mais de dez anos. Dezenas de pessoas foram detidas, e vários policiais foram feridos. Desde que Orbán chegou ao poder, em 2010, estas são as primeiras passeatas a reunir todos os partidos da oposição, dos verdes à extrema direita.
A mídia pró-governo descreveu os atos como mais uma "manipulação" do bilionário americano de origem húngara George Soros, que tem sido frequentemente usado por Orbán como bode expiatório.
JPS/ots/ap
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