Militar assume poder em Burkina Faso
1 de novembro de 2014O subchefe da Guarda Presidencial de Burkina Faso, tenente-coronel Yacouba Isaac Zida, assumiu neste sábado (1°/11) o poder na nação africana e afirmou que vai liderar o processo de transição no país. A decisão vem após uma disputa militar na véspera entre Zida e o chefe do Estado-Maior, general Nabéré Honoré Traoré.
Após reunião da alta hierarquia militar, Zida, que controla a mais bem armada e treinada unidade das Forças Armadas do país, foi eleito por unanimidade pelos militares para liderar o processo de transição. Líderes da oposição e da sociedade civil de Burkina Faso alertaram sobre um golpe militar e convocaram uma grande manifestação em massa para o domingo.
De acordo com um comunicado de setores da sociedade civil de Burkina Faso, "a vitória conquistada com a insurreição popular pertence ao povo e, por conseguinte, a gestão da transição lhe pertence de forma legítima, não podendo ser confiscada pelo Exército". A sociedade civil do país e a União Africana defendem uma "transição civil e consensual".
O chefe do Estado-Maior, Traoré, havia anunciado na sexta-feira que iria assumir a presidência de forma transitória, mas isso foi rejeitado pelos manifestantes e por alguns oficiais.
O número dois na hierarquia da Guarda Presidencial tem mais respaldo de setores da sociedade civil do país do que o general Traoré, que é considerado muito próximo do ex-presidente Blaise Compaoré. O ex-chefe de Estado renunciou ao cargo após três dias de protestos violentos na capital do país, Uagadugu.
Compaoré está exilado na Costa do Marfim
A presidência da Costa do Marfim confirmou neste sábado que o ex-presidente Compaoré está exilado no país desde que apresentou sua renúncia em Burkina Faso. O ex-presidente chegou ao país às 22 horas de sexta-feira (horário local).
"O presidente da República informa ao povo costa-marfinense, os residentes da Costa do Marfim e a comunidade internacional que o presidente Blaise Compaoré, a sua família e parentes próximos foram acolhidos pela Costa do Marfim", afirmou a presidência em comunicado.
Compaoré apresentou a sua demissão do cargo após três dias de manifestações que pediam a sua saída após ficar 27 anos no poder, ao qual chegou depois de ter protagonizado um golpe de Estado. Na quinta-feira, os manifestantes invadiram o prédio do Parlamento, onde seria votada uma alteração constitucional que permitiria a Compaoré concorrer a mais um mandato de cinco anos.
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