Milícia líbia diz ter libertado filho de Muammar Kadafi
11 de junho de 2017Saif al-Islam, um dos filhos de Muammar Kadafi, ditador que governou a Líbia por mais de quatro décadas, foi posto em liberdade, segundo informou neste sábado (10/06) a milícia que o mantinha preso há quase seis anos na cidade líbia de Zintan, ao sul da capital Trípoli.
Em comunicado, o grupo armado Abu Bakr al-Siddiq afirmou que Islam, de 44 anos, foi libertado na sexta-feira. "Decidimos libertar Saif al-Islam Kadafi. Ele está livre. Confirmamos que ele deixou Zintan no dia de sua soltura, o 14º do Ramadã [mês sagrado para os muçulmanos]", diz a nota.
O advogado dele, Khaled al-Zaidi, confirmou a libertação à imprensa internacional neste domingo, mas não especificou a cidade de destino de Islam por questões de segurança.
Segundo Zaidi, o filho de Kadafi foi solto no âmbito de uma lei de anistia aprovada pelo parlamento do leste da Líbia. Após a soltura, o jornal local Libyan Express publicou que Islam foi levado para a cidade de Bayda, sede do governo do leste, sob controle do general Khalifa Haftar. A milícia Abu Bakr al-Siddiq, por sua vez, afirmou ter agido sob solicitação do "governo interino".
Saif al-Islam era apontado como um possível sucessor de Kadafi, antes de a revolução líbia ter derrubado seu pai há quase seis anos após mais de 40 anos de ditadura sangrenta.
Em junho de 2011, o Tribunal Penal Internacional emitiu uma ordem de prisão contra Islam e seu pai por crimes contra a humanidade. Eles foram acusados de assassinar e torturar civis.
Islam foi capturado pela milícia de Zintan em 19 de novembro de 2011, quase um mês depois da morte de Kadafi durante a tomada de Sirte, sua cidade de origem.
Em julho de 2015, o filho do ex-ditador foi condenado à morte por um tribunal de Trípoli, por crimes de guerra e atos para reprimir protestos durante a revolta de 2011. Os combatentes da milícia, no entanto, se recusaram a entregá-lo às autoridades para o cumprimento da pena.
Desde a queda de Kadafi, a Líbia está imersa em guerra civil. A divisão do país do Norte da África aumentou em 2014, com dois governos e parlamentos rivais disputando o poder – um no oeste sustentado pelas Nações Unidas e outro no leste. Além disso, várias milícias lutam por influência no país.
A Líbia sofre ainda com o surgimento de um grupo afiliado aos terroristas do "Estado Islâmico" (EI), que reivindicou responsabilidade por uma série de atentados. O objetivo dos jihadistas seria expandir seu território e assumir o controle sobre campos de petróleo – fonte de riqueza do país.
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